As críticas a Jair Bolsonaro (PL) se avolumam entre magistrados de tribunais de Brasília pelo entendimento de que o silêncio do presidente sobre a vitória de Lula (PT) visa estimular protestos contra as eleições em todo o país.
Magistrados do Supremo e de outros tribunais de Brasília também responsabilizam presidente pelos bloqueios nas estradas federais e vias importantes de grandes cidades."Estamos lidando com um moleque", disse à Folha de S.Paulo um ministro do Supremo STF (Tribunal Federal), referindo-se a Bolsonaro.
Um outro integrante de tribunal de Brasília afirma que
"a democracia pressupõe que você lide com gente que tem consciência de sua
responsabilidade", o que não seria o caso de Bolsonaro.
Até mesmo magistrados que são alinhados com o presidente da República
mostram preocupação. Um deles disse à coluna que Bolsonaro, "pelo seu
jeito de ser", conseguiu "uma rejeição maior que a do PT" e que
é preciso pacificar o país, sem "radicalização de nenhum dos lados".
Caminhoneiros que apoiam Bolsonaro promoveram mais
de 200 bloqueios em estradas em diversas regiões, e cerca de 50 apoiadores
conseguiram interditar inclusive o aeroporto de Guarulhos.
Outras avenidas de São Paulo também estão
bloqueadas. O número de pessoas envolvidas nestes protestos é pequeno, mas
suficiente para levar o país a uma situação de tensão.
A omissão da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que
não estava atuando para desbloquear as estradas, reforça a certeza de que
Bolsonaro está estimulando os protestos e ganhando tempo, com seu silêncio,
para ver se eles se avolumam.
A PRF é um órgão do Governo Federal.
O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, é
bolsonarista e chegou a declarar voto em redes sociais, quebrando a regra de
que dirigentes de órgãos de estado, especialmente armados, não devem se engajar
na política partidária.
A corte já formou maioria em favor da decisão do
ministro Alexandre de Moraes para que o governo adote imediatamente "todas
as medidas necessárias e suficientes" para desobstruir rodovias ocupadas
por bolsonaristas.
Em caso de descumprimento, a decisão do STF
determina multa e até afastamento e prisão em flagrante do diretor-geral da
PRF, Silvinei Vasques, por crime de desobediência, além de uma multa de R$ 100
mil por hora a partir da meia-noite desta terça.
Segundo Moraes, tem havido "omissão e inércia" da
PRF na desobstrução das vias. Moraes determina ainda que a Polícia Rodoviária
Federal e as Polícias Militares identifiquem eventuais caminhões utilizados nos
bloqueios e informe quais são à Justiça, para que seja aplicada multa de R$ 100
mil por hora aos proprietários.
Mônica Bergamo/Folhapress
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