O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, se comprometeu com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, a entregar os relatórios da fiscalização das Forças Armadas do primeiro turno das eleições.
Os relatórios que serão encaminhados terão informações sobre a checagem dos boletins de urna e o teste de integridade.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. | Reprodução. |
A informação foi repassada no início da noite desta terça-feira (18), em
um encontro fora da agenda entre Paulo Sérgio e Moraes, segundo fontes com
conhecimento do assunto.
Os relatórios que serão encaminhados terão
informações sobre a checagem dos boletins de urna e o teste de integridade.
Os documentos foram solicitados por Moraes nesta
terça. Em decisão, o presidente do TSE disse que a atuação das Forças Armadas,
em possível alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro (PL), pode caracterizar
desvio de finalidade e abuso de poder.
"As notícias de realização de auditoria das urnas pelas Forças
Armadas, mediante entrega de relatório ao candidato à reeleição, parecem
demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo chefe
do Executivo, podendo caracterizar, em tese, desvio de finalidade e abuso de
poder", disse.
Na conversa com Moraes, de acordo com os relatos,
Paulo Sérgio explicou que as Forças Armadas não realizaram uma auditoria nas
urnas eletrônicas, mas participaram de uma série de etapas de fiscalização do pleito.
O prazo para o envio dos documentos é de 48 horas,
e a Defesa foi notificada da decisão no início da noite.
Desde o início da tarde desta terça, havia um
conflito de versões no Ministério da Defesa sobre como seria a resposta à
decisão de Moraes.
Auxiliares de Paulo Sérgio defendiam que a pasta respondesse que não foi
realizada auditoria nas urnas, como disse Moraes, mas somente fiscalização do
processo eleitoral.
Por outro lado, militares próximos do general Paulo
Sérgio não achavam o melhor caminho usar uma diferença de terminologia para
negar acesso aos relatórios sobre o primeiro turno das eleições.
Eles disseram, reservadamente, que uma resposta
negativa pode encerrar de vez o armistício construído nos últimos dois meses
entre as Forças Armadas e o TSE e ensejar eventuais decisões do TSE contra o
Ministério da Defesa.
Como a Folha de S.Paulo revelou, os militares não
encontraram nenhum problema que pudesse prejudicar o resultado das eleições na
fiscalização realizada no primeiro turno.
Eles identificaram somente pequenas falhas, especialmente no teste de
integridade. Os problemas, de acordo com os relatos, foram mínimos e poderiam
ensejar somente recomendações de aperfeiçoamento ao TSE.
Segundo os relatos de militares que acompanharam o
processo, houve casos de urnas desbloqueadas após o representante da Justiça
Federal colocar três vezes o dedo no leitor de biometria e o correto seria liberar após quatro contatos.
No projeto-piloto do teste de integridade com
biometria, os militares avaliaram que foram poucos os eleitores convidados para
participar do processo, colocando suas digitais na urna para simular a votação.
Na totalização, houve também o diagnóstico de que o
TSE demorou mais que o esperado para disponibilizar os boletins de urna na internet,
o que teria atrasado a análise dos dados no dia da eleição.
Apesar de não terem encontrado problemas relevantes, o
Ministério da Defesa adotou o silêncio após o primeiro turno das eleições e não
responde a pedidos de informação sobre a fiscalização realizada no sistema
eletrônico de votação em 2 de outubro.
Autor: CÉZAR FEITOZA E MATEUS VARGAS/
FOLHAPRESS
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