A
ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva declarou, ontem, apoio formal à
candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após 13 anos de
divergências políticas. Ela reconheceu as discordâncias em relação ao PT, mas
defende que o cenário atual de "democracia ou barbárie" pede
uma união entre as correntes políticas e ideológicas próximas.A ex-ministra Marina Silva considera que o momento atual é de "banalização do mal" e que a democracia está em risco. (Foto: Isaac Fontana)
A aproximação de Marina com Lula é algo, segundo
ela, natural, pois "do ponto de vista das nossas relações
pessoais, tanto eu quanto o presidente Lula nunca deixamos de estar próximos e
de conversar, inclusive em momentos dolorosos de nossa vida", e
finaliza: "Manifesto meu apoio de forma independente ao
candidato, ex-presidente e futuro presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da
Silva. Peço a Deus que a gente possa implementar aquilo a que estamos nos
comprometendo agora".
A
ex-ministra também disse que o momento atual é de "banalização
do mal" e que a democracia está em risco. "Compreendo
que, nesse momento crucial da nossa história, quem reúne as maiores e melhores
condições para derrotar (o presidente Jair) Bolsonaro e a semente maléfica do
bolsonarismo que está se implementando no seio da nossa sociedade, agredindo
irmãos brasileiros, ceifando a vida de pessoas por pensar diferente, é a sua
candidatura", disse a ex-ministra, dirigindo-se a Lula.
A
Rede Sustentabilidade, partido de Marina, tinha declarado apoio oficial ao
petista e faz parte da coligação de 10 legendas que forma sua chapa.
Lula
comemorou o apoio, afirmando que é "um dia histórico para o
PT". A aproximação traz força para a campanha petista em duas
frentes: na política ambiental e junto ao eleitorado evangélico.
No
primeiro caso, a ex-ministra entregou um documento a Lula intitulado Resgate
Atualizado da Agenda Socioambiental Perdida, remetendo às ações dos governos
petistas nesta área. Entre as sugestões contidas no texto está a criação de uma
autoridade nacional para o enfrentamento às mudanças climáticas e acelerar a
transição da matriz brasileira para energia limpa.
Em
relação aos evangélicos, Marina — que professa a fé pentecostal — classificou o
apoio a Bolsonaro por pastores influentes como uma "mistura
complexa, delicada, de fundamentalismo político com fundamentalismo
religioso". Ela também criticou as mentiras disseminadas contra o
petista de que ele fechará igrejas caso eleito.
Horas
depois, na sabatina conduzida pelo jornalista William Waack, na CNN, Lula
deixou claro que não pretende rever as privatizações feitas pelo atual
governo. "Não falo em rever privatizações. Minha missão é
reduzir a miséria. Preciso ganhar a eleição antes e tomar pé da situação",
afirmou.
Lula
também fez um aceno ao empresariado sobre a reforma trabalhista aprovada no
governo Michel Temer. Ele assegurou que não será revogada, ao contrário do que
propõem alguns setores do PT. "A gente não quer voltar ao
passado, mas adequar a realidade atual ao direito dos trabalhadores."
Quando
o tema foi a corrupção nos governos petistas, Lula voltou a reconhecer que
houve "malfeitos" na Petrobras — que deram origem ao escândalo do
Petrolão. "Eu não posso afirmar que não aconteceu corrupção. Se as
pessoas confessaram, o que eu acho absurdo é essas pessoas serem beneficiadas
por fazer delações só para me pegar", saiu-se o ex-presidente, que
reforçou que foram as medidas de ampliação de mecanismos de controle e
fiscalização, criadas nos governos do PT, que permitiram apurar os desvios.
Com
informações portal Correio Braziliense
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