Com a inflação em alta, 67% dos consumidores substituíram marcas de produtos consumidos habitualmente, segundo pesquisa da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), com destaque para itens da cesta básica. O leite longa vida foi o produto com maior percentagem de troca (71%), seguido por óleo de soja (56%), arroz (43%), feijão (42%) e açúcar (33%).
Segundo pesquisa, o leite longa vida foi o produto com maior percentagem de troca (71%), seguido por óleo de soja (56%), arroz (43%), feijão (42%) e açúcar (33%).
De acordo com a pesquisa, 67% dos consumidores substituíram marcas de produtos consumidos habitualmente | Wagner Almeida / Diário do Pará |
A carne bovina foi majoritariamente trocada por
frango (36%), seguida por ovo (22%), suínos (19%) e peixe (10%). A troca por
outros produtos, como linguiça e salsicha, foi de 7%.
As trocas ocorrem em um contexto de alta dos
preços, com pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas)
mostrando que o setor de alimentação teve aumento acumulado de 19,4% nos
últimos 12 meses.
Em julho, o leite longa vida foi o produto com
maior variação de preço em relação ao mês anterior, uma alta de 25,46%. “A
gente sabe que o leite esteve no pior momento da safra”, diz o vice-presidente
da Abras, Márcio Milan.
Nos últimos meses, também chamou atenção a venda de similares lácteos,
misturas de compostos lácteos com soro e amido, em embalagens similares às
tradicionais. Recentemente, um pó para preparo de bebida sabor café também
chamou atenção nas redes, anunciado inicialmente na Amazon como “café
tradicional”. A empresa ajustou o anúncio do produto após o contato da
reportagem.
Questionado sobre a venda de tais produtos, Milan
afirmou que todos os itens comercializados na rede de supermercados são
registrados e autorizados pelos órgãos regulatórios, como a Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária).
“Se de um lado está autorizado pelos órgãos
reguladores, o que impediria de comercializar este produto?” Ele afirma que a
Abras faz orientações sobre boas práticas e recomendações, mas não atua sobre
as questões comerciais, específicas de cada empresa.
Associação planeja ‘Black Friday dos supermercados’
Milan informou que, junto à indústria, a Abras programa o dia nacional do
supermercado, que compara a uma Black Friday do setor.
“Queremos trazer outro momento de consumo para a população e
consumidores, onde tanto indústria quanto supermercados estamos programando
esse dia, fazendo um esforço grande para trazer muitos descontos.”
A expectativa é começar ainda em 2022. “Com certeza
no próximo ano a gente vai estar muito mais estruturado, mas pretendemos, sim,
começar neste ano.”
Para Abras, tendência é de queda nos preços. Em
julho, caíram os preços do tomate (23,7%), batata (16,6%) e cebola (5,5%). Óleo
de soja, feijão, açúcar e arroz também tiveram quedas. “São sinalizações que a
gente já começa a enxergar de um preço que recua em relação aos meses
anteriores”, diz Milan.
O vice-presidente da Abras aponta que a redução no
preço dos combustíveis também traz tendência de estabilização e baixa de
valores. “Como é uma cadeia complexa, esse resultado acaba demorando um pouco
mais para se sentir.” Ainda, a desvalorização recente dos preços de soja, trigo
e milho no mercado internacional deve ter impacto.
A associação projeta que o ano
termine com alta de 3% a 3,3% no consumo dos lares brasileiros, influenciada
também por auxílios governamentais, como o aumento de R$ 400 para R$ 600 no
valor do Auxílio Brasil, e eventos impulsionadores do consumo, como a Copa do
Mundo.
Natalie Vanz Bettoni - Folhapress
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