Presidente perdeu a compostura ao falar de mulheres
e foi criticado pela atuação na pandemia, economia e meio-ambiente. Escândalos
de corrupção foram o tema mais abordado contra o petista.
- No primeiro debate das eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trocaram acusações e foram os principais alvos de ataques dos adversários. - Bolsonaro chegou a dizer que o governo de Lula foi o mais corrupto da história do Brasil. O petista rebateu e disse que Bolsonaro está destruindo o Brasil. - Também participam do debate os candidatos Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d'Avila(Novo) e Soraya Thronicke (União). O evento foi organizado pelo grupo Bandeirantes, Folha de S. Paulo, Uol e TV Cultura. - Inicialmente, o sorteio havia definido que Lula e Bolsonaro ficariam lado a lado no estúdio. Mas, no início da noite deste domingo, a organização do evento mudou a posição dos dois. Lula e Bolsonaro são os mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto, respectivamente. - Lula x Bolsonaro - A primeira interação entre Lula e Bolsonaro ocorreu no momento do debate em que candidatos formulavam perguntas para os adversários. Bolsonaro decidiu fazer uma pergunta para Lula e escolheu o tema corrupção. - Bolsonaro lembrou os casos de corrupção investigados na Petrobras. "O senhor quer voltar para quê?", questionou o presidente. "Para continuar fazendo a mesma coisa na Petrobras?", continuou. - No início de sua resposta, Lula comentou: "Era preciso ser ele [Bolsonaro] para me perguntar. E eu sabia que essa pergunta viria." - Na sequência, o ex-presidente listou medidas de seus mandatos que, segundo Lula, foram tomadas para o combate à corrupção. Ele falou, entre outros, da criação do portal da transparência, de aprimoramento do papel de fiscalização da Controladoria-Geral da União e a aprovação das leis de acesso à informação, anticorrupção, e contra o crime organizado. - Na réplica, Bolsonaro disse: "O seu governo foi marcado pela cleptocracia. Ou seja, um governo feito à base de roubo. E essa roubalheira era pra conseguir apoio dentro do parlamento. Não era apenas para o ex-presidente Lula. Era para ele também conseguir apoio dentro do parlamento. Assim sendo, nada justifica sua resposta mentirosa que você deu nessa questão. Sim, o seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil", afirmou o presidente. - Na tréplica, Lula não falou de corrupção, mas de realizações de seus dois mandatos. Ele disse que foi em seu governo que a Petrobras "ganhou o tamanho que ganhou", com capitalização de R$ 70 bilhões. Falou que seu governo teve a marca da inclusão social, da geração de emprego, do aumento do salário mínimo, investimento na agricultura familiar, criação de universidades públicas, entre outros. - Em seguida, Lula emendou: - "Esse país, que 20 vinte milhões de empregos com carteira assinada, é um país que o atual presidente está destruindo. Está destruindo porque ele adora bravata. Adora dizer números que não existem e adora achar que o povo que está aí ouvindo acredita no que ele fala. Portanto, o país que eu deixei é um país que o povo tem saudade. É o país do emprego, é o país em que o povo tinha o direito de viver dignamente de cabeça erguida", rebateu Lula. - Embate sobre Auxílio Brasil - Outro momento de embate entre Lula e Bolsonaro ocorreu durante uma pergunta, feita pela organização do debate, sobre o Auxílio Brasil no valor de R$ 600. Bolsonaro foi questionado se o governo conseguiria manter o teto de gastos para continuar com o valor de R$ 600, que, pela lei, só está garantido até o fim do ano. - "Nós vamos manter esse valor a partir do ano que vem. Logicamente, esse auxílio se aproxima do mínimo necessário para a pessoa sobreviver. Sair da linha da pobreza de forma mais concreta. De onde retirar dinheiro? Tenho acertado com a equipe econômica e conversado", afirmou Bolsonaro. - Ao comentar a resposta, Lula disse que "é importante lembrar que a manutenção dos R$ 600 não está na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] que foi mandada para o Congresso Nacional. Ou seja, significa que existe uma mentira no ar", disse o ex-presidente. - Na réplica ao comentário de Lula, Bolsonaro subiu o tom de voz. "Eu tenho contato com liderança da Câmara. Após as eleições, podemos fazer algo mais concreto, mais detalhado para buscar recursos, para pagar os R$ 600. Nós não podemos ser aqui é inconsequentes. Anunciando: 'vou dar isso, vou dar aquilo, vou tirar imposto de renda de de professor, não sei o que, só mentira, tá?'", disse Bolsonaro. - Ataque a jornalista - Houve um momento do debate em que a jornalista Vera Magalhães formulou uma pergunta sobre a pandemia de Covid e vacinação para Ciro Gomes. - A jornalista contextualizou a pergunta citando mortes que poderiam ter sido evitadas e frases de autoridades que desacreditaram a população quanto a eficácia das vacinas em geral. - Ciro, na resposta, disse que tudo no país "está fora do lugar". Acrescentou que "o que mais está me chocando é ver esse nível de alienação e de ódio, de coisas assim: mentira para cá, mentira pra lá, isso é o Brasil que essa gente tá produzindo". - Quando foi a vez de Bolsonaro comentar a resposta, ele atacou Vera Magalhães. - "Eu acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse. Fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse Bolsonaro. - "Não venha com a historinha atacar a mulher. De se vitimizar. Vera. Você realmente foi fantástica, né?", continuou o presidente. - A postura de Bolsonaro gerou reação da candidata Soraya Thronicke. - "Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada. Aí eu fico brava, sim, e digo mais para você. Lá no meu estado tem mulher que vira onça, e eu sou uma delas. Eu não aceito esse tipo de comportamento e de xingamento e, acima de tudo, disseminar ódio entre os brasileiros e nos dividir", ressaltou a candidata. - Saúde e Covid - Em outro momento, questionada pela candidata Soraya Thronicke sobre o que pode ser feito para diminuir as filas no Sistema Único de Saúde (SUS), Tebet citou sua participação na CPI da Covid e fez duras críticas a Bolsonaro. - “Quantas famílias perderam prematuramente seus filhos? Quantas mães perderam seus filhos e quantos filhos perderam país? E eu não vi o presidente da República pegar a moto dele e ir ao hospital para dar um abraço a uma mãe que perdeu um filho. Eu vi mais que isso: eu vi um escândalo de corrupção na compra de vacinas como se a vida pudesse custar US$1. Nesse aspecto, Soraya, a pandemia se arrastou porque não teve coordenação do governo federal, não é porque ficamos em casa”. - Ao ser questionado sobre a diminuição na cobertura de vacinação do Brasil, Ciro fez críticas a Lula e Bolsonaro, afirmando que os dois estão “dividindo a nossa nação”. - “O que mais está me chocando e vendo esse nível de alienação e de ódio, coisas assim. Mentira para lá, mentira para cá. Esse é o Brasil que essa gente tá produzindo, dividindo a nossa nação, e eu quero conciliar” - Debate - Pelas regras, definidas com as campanhas dos presidenciáveis, o debate foi dividido em três blocos. - 1º bloco - · Candidatos responderam perguntas, feitas pela organização do debate, sobre temas de seus planos de governo - · Em seguida, candidatos escolharam um adversário para fazer uma pergunta. Aquele que faz o questionamento terá direito a réplica. Cada um fez uma pergunta e pôde ser escolhido uma vez - 2º bloco - · O bloco teve perguntas de seis jornalistas das empresas que organizam o debate. Cada jornalista escolheu um candidato para responder e outro para comentar a resposta - 3º bloco - · O bloco abriu com mais uma rodada de perguntas e respostas entre os candidatos, com réplica para aquele que fez o questionamento - · Em seguida, eles responderam novas perguntas sobre planos de governo - · O debate termina com as considerações finais de cada candidato 
 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 







 



 

 
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