É com muito pesar que
lamentamos o cruel assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do
jornalista inglês Dom Phillips. Os ativistas estavam desaparecidos desde
domingo (5) e foram vistos pela última vez na região do Vale do Javari, na
Amazônia. De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari
(Univaja), eles haviam recebido ameaças.Foto: Divulgação/Funai e Reprodução Twitter/@domphillips
O que tem se tornado o Brasil,
afinal? Nos últimos três anos, nosso país vem se configurando cada vez mais em
uma terra em que a única lei válida é a do “vale-tudo”. Vale a invasão e
grilagem de territórios; vale a proliferação do garimpo; vale a extração ilegal
de madeira; vale todo e qualquer conflito territorial… e vale matar para
garantir que nenhuma dessas atividades criminosas sejam impedidas de acontecer.
E tudo isso alimentado pelas ações e omissões
do governo brasileiro.
"Abandono e revolta. São
esses os sentimentos que devastam todos nós que, daqui ou de fora da Amazônia,
entregamos nossas vidas à defesa dessa floresta e de seus povos. Graças às ações
e omissões de um governo comprometido com a economia da destruição, ficamos
órfãos de dois grandes defensores da Amazônia e, ao mesmo tempo, reféns do
crime organizado que hoje é soberano na região", afirma Danicley de
Aguiar, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Ao longo dos últimos três anos,
os povos da floresta vivenciam um aumento vertiginoso da violência em seus
territórios, e dentro do Congresso a situação não é diferente. Enquanto o mundo
lamenta a perda de Bruno Pereira, de Dom Phillips, tramitam no Congresso
projetos de lei que ameaçam as Terras Indígenas (TIs) brasileiras, como o PL
191/2020, que libera a mineração e
outras formas de exploração econômica dentro de TIs; e o PL 490/2007 que, de
maneira inconstitucional, advoga em favor do Marco Temporal.
A cada dia que passa, a
política anti-indígena do Brasil de Bolsonaro avança a passos largos e os
direitos dos povos originários são violados permanentemente.
"Já basta. O mundo tem de
acordar e tomar as medidas necessárias para pôr fim à violência e à repressão
intoleráveis que assolam a Amazônia. A maior homenagem que podemos prestar
agora a Bruno e Dom é continuar o seu trabalho vital até que todos os povos do
Brasil e as suas florestas estejam totalmente protegidos", declara Pat
Venditti, diretor executivo do Greenpeace Reino Unido, país de origem do
jornalista Dom Phillips, e que tem dado suporte à equipe do Greenpeace Brasil
no acompanhamento do caso.
Às famílias, amigos, ativistas,
povos indígenas e todas as pessoas que advogam pela vigência dos direitos
humanos, o nosso mais sincero pesar e solidariedade.
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