O Ceará registrou 11.071 casos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) nos últimos 14 anos. Os episódios foram detectados entre janeiro de 2007 e dezembro de 2021. Os dados são do último boletim epidemiológico da leishmaniose, divulgado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), nessa segunda-feira, 20.
Diferente da Leishmaniose Visceral (LV), conhecida como calazar, que acomete órgãos internos, a LTA ataca a pele e a mucosa. A infecção da doença ocorre por meio de picada de mosquitos transmissores, os flebotomíneos. Eles são insetos pequenos, de cor amarelada e pertencem aos mesmo grupo das moscas e mosquitos. A doença também pode ocorrer em animais, como cães, cavalos, roedores, entre outros.
Conforme o boletim da Sesa, mais da metade dos casos do Ceará foi confirmada por critério laboratorial, cerca de 63,82%, com destaque da positividades nas regiões do Cariri e Fortaleza. Ao todo, foram detectados 5.153 casos da doença em mulheres e 5.918 em homens.
O destaque dos casos foi para homens de 20 a 34 anos de idade. O boletim ainda aponta que a alta de casos da doença nesse grupo ocorreram por transmissão silvestre ou relacionado ao trabalho, predominantemente atividades rurais, como agricultura, pecuária e garimpo.
Ainda segundo
o boletim, os mais acometidos foram pessoas com baixo nível de escolaridade do
ensino fundamental incompleto (4.429; 40,01%), com cor da pele parda (8.317;
75,12%) e residentes na zona rural (7.094; 64,08%).
Óbitos
Durante
janeiro de 2007 a dezembro de 2021, houve 18 óbitos pela doença. Nos anos de
2015 e 2018 não houve registro de mortes. O maior número de óbitos foi em 2013,
sendo três ao total.
Os
casos ocorreram nos municípios de Aratuba (1); Barbalha (1); Canindé 1; Crato
(1); Eusébio (1); Fortaleza (2); Guaraciaba do Norte (1); Ibiapina (2); Ipu
(1); Ipueiras (2); Massapê (1); Missão Velha (1); Porteiras (1); Santa Quitéria
(1) e Tianguá (1).
Os
principais sintomas da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) são febre de
longa duração, perda de peso, astenia, adinamia, hepatoesplenomegalia e anemia.
A doença manifesta-se sob duas formas clínicas:
Forma
Cutânea: Lesões indolores, arredondadas, com base eritematosa, infiltrada e de
consistência firme, bordas bem delimitadas e elevadas, fundo avermelhado e com
granulações grosseiras.
Forma
Mucosa: Lesões destrutivas localizadas na mucosa, geralmente nas vias aéreas
superiores. Quando atingem o nariz, podem ocorrer entupimentos, sangramentos,
coriza, aparecimento de crostas e feridas.
Prevenção
Não há vacina contra as leishmanioses humanas. As medidas mais utilizadas para o combate da enfermidade se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, proteção individual, diagnóstico precoce e manejo ambiental.
As
medidas de prevenção no âmbito individual ou coletivo devem ser estimuladas e
adotadas com a finalidade de reduzir a aproximação dos flebotomíneos (agentes
causadores) para o ambiente domiciliar.
Para os animais, as medidas recomendadas incluem a manutenção deles longe do interior das residências durante a noite e a limpeza periódica dos abrigos para evitar o acúmulo de matéria orgânica em decomposição, o que pode atrair animais silvestres para as proximidades do domicílio.
Conforme
as recomendações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as medidas de proteção
consistem basicamente em diminuir o contato direto entre humanos e os
flebotomíneos.
Nessas situações as orientações são o uso de repelentes, evitar os horários e ambientes onde esses vetores possam ter atividade, a utilização de mosquiteiros de tela fina e, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas.
Outras
medidas importantes são manter sempre limpas as áreas próximas às residências e
os abrigos de animais domésticos; realizar podas periódicas nas árvores para
que não se criem os ambientes sombreados; além de não acumular lixo orgânico. O
objetivo é evitar a presença de mamíferos, como roedores, que são prováveis
fontes de infecção para os flebotomíneos, próximos às residências.
O
povo
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