O amadorismo de Jair Bolsonaro é de dar pena. (Não, não dá.) Para além do amadorismo, seu desespero e medo de ser preso caso não se reeleja podem inspirar piedade nas almas mais sensíveis.
O presidente dos Estados Unidos fez de conta que não ouviu
Ele foi o último chefe de Estado a cumprimentar Joe
Biden depois da eleição para presidente dos Estados Unidos. Bolsonaro preferiu
acreditar em Donald Trump, que denunciou fraude.
Na semana passada, por muita
insistência de Biden, voou a Los Angeles para participar da Cúpula da
Democracia. Os dois tiveram um encontro a sós, e Bolsonaro afirmou que fora
“magnífico”.
Inteiramente a sós, não foi.
Havia assessores de um lado e do outro, e tradutores, porque Bolsonaro não fala
inglês, nem Biden português. Bolsonaro voltou ao Brasil encantado com Biden.
Admitiu ter conversado vagamente com ele sobre as
eleições de outubro aqui. Mas nada mais disse sobre isso. Não disse, mas a
agência de notícias americana Bloomberg descobriu e publicou.
Eric Martin, que já morou e
trabalhou no Brasil, repórter há dois anos do escritório da agência em
Washington, conta que Bolsonaro pediu ajuda a Biden para se reeleger. (Sim, foi
o que você leu.)
Bolsonaro disse que Lula é um
esquerdista radical e perigoso para os interesses americanos no Brasil. Biden
mudou de assunto, segundo testemunhas da conversa.
Como de praxe no jornalismo americano, a Bloomberg
acionou seu correspondente no Brasil e pediu um comentário ao Palácio do
Planalto, que não respondeu imediatamente.
Pediu também à Casa Branca, que
se recusou a comentar neste momento. Naturalmente, foi por lá que vazou a
notícia, de vez que ao governo brasileiro o vazamento seria prejudicial.
Por três vezes, no ano passado,
emissários de Biden vieram ao Brasil e advertiram Bolsonaro que o governo Biden
jamais apoiará um golpe. Um dos emissários foi o próprio chefe da CIA.
Em todas as ocasiões, informações
a respeito das sucessivas advertências vazaram por fontes americanas.
Bolsonaro, de fato, seria mais permeável aos interesses americanos do que Lula.
Ele e seus filhos não cansam de
demonstrar seu amor aos Estados Unidos. Bolsonaro bate continência para a
bandeira americana toda vez que uma é hasteada ou exibida a ele.
O deputado Eduardo Bolsonaro,
antes de se eleger, trabalhou numa hamburgueria nos Estados Unidos. Seu pai
pensou em promovê-lo a embaixador do Brasil em Washington. Deu ruim.
Em qualquer lugar dos Estados Unidos, Bolsonaro
sente-se em casa. Ontem, usando capacete (aqui nem sempre usa), ele liderou uma
motociata em Orlando, onde falou a evangélicos brasileiros.
Encontrou-se com o blogueiro
Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira. Há um pedido de prisão contra
Allan assinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Nunca antes na história do Brasil
aconteceu algo parecido.
Com informações: Metrópoles.
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