A praia de Copacabana está lotada, mas, no lugar de biquínis e sungas, o que se vê neste sábado (11) de céu fechado e temperatura baixa são cruzes no pescoço, bíblias debaixo do braço e uma multidão disposta a louvar o nome de Deus em um dos pontos turísticos mais famosos do Brasil.
Após citar a questão econômica, disse: "Temos um outro problema, este espiritual que o Brasil não está ausente, que é a luta do bem contra o mal".
O presidente da República, Jair Bolsonaro, assiste ao culto na Igreja Batista Atitude, acompanhado da esposa, Michelle Bolsonaro, em 2019 | Fernando Frazão/ABr |
No posto dois, em frente ao Copacabana
Palace, milhares de fiéis se reuniram no evento evangélico Esperança Rio, que
começou a partir das 16h e trazia na programação nomes célebres da música
gospel, como a cantora Aline Barros e o rapper americano KB.
Por volta das 18h, o presidente Jair
Bolsonaro apareceu em telões e fez um rápido pronunciamento a distância.
Após citar a questão econômica, disse:
"Temos um outro problema, este espiritual que o Brasil não está ausente,
que é a luta do bem contra o mal".
Também afirmou, sob forte aplauso do público:
"Nós bem sabemos o que queremos e o que defendemos. Somos contra o aborto,
a ideologia de gênero e contra a liberação das drogas".
E concluiu: "Defendo a família e a
liberdade como bem maior, a incluir a liberdade religiosa."
Segundo o Datafolha, a parcela da população
brasileira que quer proibir o aborto em qualquer circunstância caiu no período
de quase quatro anos. De dezembro de 2018 até hoje, o índice daqueles que dizem
concordar com a total restrição da interrupção da gravidez no país recuou de
41% para 32%.
Na plateia, muitos fiéis usavam faixas na
cabeça com dizeres religiosos e camisas com imagens da cruz. Uma dessas pessoas
era a dona de casa Rosângela de Oliveira, 47.
Moradora de Bangu, a 49 quilômetros de
Copacabana, ela diz que a expectativa era grande para o evento. "Jesus vai
fazer uma grande obra, um grande mover aqui. O objetivo aqui é salvar
vidas."
Evangélica há quatro anos, a dona de casa diz
que deve a própria vida à ação divina. Em 2018, ela sofreu uma depressão
profunda. "Cheguei e falei com Deus. Perguntei: 'Se você é esse Deus mesmo
que todo mundo fala, muda a minha vida."
Para ela, eventos como esse são uma forma de
unir pessoas que querem exaltar o nome de Deus, independentemente da religião.
"Deus não escolhe entre evangélico, católico ou espírita. Pode vir
católico ou candomblecista. Deus só olha para o coração."
A católica Elizabeth Nunes, 63, diz que
decidiu comparecer ao evento por entender que a religião não é uma fronteira
para quem quer celebrar Deus.
"Nós somos filhos de Deus. Isso
independe de religião. Você é meu irmão, também é filho do criador. Deus é um
só. Jesus é um só", diz ela, que não escondia o entusiasmo.
No calçadão, ela pulava e cantava toda vez
que uma câmera passava filmando o público. "Essa iniciativa é maravilhosa
por trazer a energia de Jesus Cristo. É ele que traz a direção aos jovens e
esperança aos idosos."
O evento que reuniu os fiéis foi organizado
pela Associação Evangelística Billy Graham. A entidade foi fundada nos Estados
Unidos pelo pastor Billy Graham, considerado uma das maiores lideranças
evangélicas do mundo.
Tido como uma espécie de papa do movimento
evangélico, ele pregou para mais de 200 milhões de pessoas em 185 países,
inclusive no Brasil, e morreu em 2018, aos cem anos.
Para minimizar problemas no trânsito por
causa do evento, a Prefeitura do Rio montou um esquema especial, com alterações
em vias de Copacabana, Botafogo e do aterro do Flamengo. A operação conta com a
participação de 250 pessoas, entre agentes da Guarda Municipal e da CET-Rio
(Companhia de Engenharia de Tráfego).
Matheus
Rocha/Folhapress
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