A decisão do
ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), de determinar o
bloqueio das contas do Partido da Causa Operária (PCO) em redes sociais mostra
que a atuação do magistrado é puramente técnica e não tem nada a ver com
perseguição, como o presidente Jair
Bolsonaro quer fazer parecer.
A determinação deixa claro que, para Moraes, não importa de que lado venham os ataques. A preocupação do ministro é com a democracia e o Estado de Direito.
Ministro determina bloqueio de contas de partido da extrema-esquerda
Jair Bolsonaro Foto:Marcos Corrêa/PR Alexandre de Moraes Foto:Cristiano Mariz Data:2022 Reprodução/VEJA |
Nos últimos
meses, o PCO, partido de extrema esquerda que apoia a candidatura de Lula à
presidência, adotou a mesma pauta da extrema direita que defende o fechamento
do STF e ataca a democracia.
Embora estejam em lados
políticos opostos, o PCO e o bolsonarismo têm discursos muito semelhantes
quando o assunto é fake news e atos antidemocráticos. Os dois grupos também
decidiram atacar Alexandre de Moraes com a mesma intensidade simplesmente
porque o ministro tem feito seu trabalho.
Nas manifestações de 7
de setembro de 2021, por exemplo, Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de
canalha. “Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o
povo brasileiro”, disse o presidente.
Nas redes sociais, o PCO
também atacou o ministro e o chamou de “skinhead de toga”.“Em sanha por
ditadura, skinhead de toga retalha o direito de expressão, e prepara um novo
golpe nas eleições. A repressão aos direitos sempre se voltará contra os
trabalhadores! Dissolução do STF”, escreveu o partido no Twitter.
Os dois grupos também
levantam suspeitas sobre a transparência do processo eleitoral e o
funcionamento das urnas eletrônicas.
“Um general no TSE é
mais um indicativo da fraude eleitoral que a burguesia prepara para impedir o
retorno de Lula ao governo. É preciso lutar contra o STF, os militares e todos
os golpistas, por Lula presidente e um governo dos trabalhadores”, escreveu o
PCO no Twitter.
O presidente também tem
diversas falas que insinuam que há fraude nas urnas. Em um dos episódios mais
recentes, ele colocou em dúvida a isenção do ministro Edson Fachin e sugeriu
que o magistrado ajudou o narcotráfico.
“É justo,
meus senhores, o ministro Fachin, que tirou Lula da cadeia, estar à frente do
processo eleitoral?”, questionou Bolsonaro.
Os dois grupos também
justificam seus ataques em nome da “liberdade de expressão”. Fazem acusações
sem provas e incitam seus seguidores a manterem esse discurso ofensivo.
As semelhanças não param
por aí. Exatamente como fazem o presidente e seus apoiadores, o PCO continuou
os ataques mesmo depois da decisão de Moraes determinando o bloqueio das contas
do partido em redes sociais.
No site do PCO, por
exemplo, um texto com o título “STF: muito pior do que censura” critica a
decisão de Moraes.
“O que está muito claro,
é que Alexandre de Moraes está mirando a existência do próprio PCO enquanto
partido, um partido devidamente legalizado, é importante que se diga, do qual
tentará cassar o registro. E se isso se concretizar, toda a esquerda, inclusive
o PT, o maior partido do País estará sob ameaça”, informa a legenda.
Moraes está lutando contra
uma narrativa que faz parte da extrema direita e da extrema esquerda
brasileira. É preciso frear os impulsos de quem acha que as redes sociais são
um espaço sem lei e que é possível fazer ataques infundados em nome de uma
falsa liberdade de expressão.
Veja
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