O Ministério da Saúde instalou uma sala de situação para monitorar casos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida. Segundo a pasta, a proposta é apoiar a investigação de casos da doença notificados em todo Brasil, além de levantar evidências para identificar possíveis causas para a enfermidade.
A criação de uma "sala de situação" representa uma preocupação mais intensa do Ministério da Saúde em relação à doença. Já há casos reportados nos estados de São Paulo (14), Minas Gerais (7), Rio de Janeiro (6), Paraná (2), Pernambuco (3), Santa Catarina (3), Rio Grande do Sul (3), Mato Grosso do Sul (2) e Espírito Santo (1).
Pasta abre sala para apurar e encontrar a solução para casos no Brasil | Marcelo Casal - Agência Brasil |
Na última atualização realizada pela Secretaria de
Vigilância em Saúde do ministério, 44 casos da doença haviam sido notificados
no país. Desses, três foram descartados e os demais permanecem em
monitoramento. Os casos foram reportados nos estados de São Paulo (14), Minas
Gerais (7), Rio de Janeiro (6), Paraná (2), Pernambuco (3), Santa Catarina (3),
Rio Grande do Sul (3), Mato Grosso do Sul (2) e Espírito Santo (1).
A sala de situação foi aberta nesta sexta-feira
(13), vai funcionar todos os dias da semana e conta com a participação de
técnicos da pasta, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e de
especialistas convidados.
Além de
monitoramento, a sala vai padronizar informações e orientar os fluxos de
notificação e investigação dos casos para todas as secretarias estaduais e
municipais de saúde, bem como para os laboratórios centrais e de referência de
saúde pública. "O objetivo também é contribuir para o esforço
internacional na busca de identificação do agente etiológico responsável pela
ocorrência da hepatite aguda de causa ainda desconhecida", informou o
ministério.
No último dia 10, a pasta participou de reunião com
um grupo de especialista junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) e
representantes de oito países (Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Canadá,
França, Portugal, Colômbia e Argentina) nas áreas técnicas de emergências em saúde
pública, infectologia, pediatria e epidemiologia, para discutir evidências
disponíveis até o momento.
Um dia antes, a pasta publicou uma nota técnica com
orientação para secretarias estaduais e municipais de saúde sobre a
notificação, a investigação e o fluxo laboratorial de casos prováveis de
hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças e adolescentes. Como as
evidências sobre a doença ainda são muito dinâmicas, a sala de situação deve
atualizar periodicamente as orientações.
O que se sabe
A hepatite de origem
desconhecida já acometeu crianças em, pelo menos, 20 países. A doença se
manifesta de forma muito severa e não tem relação direta com os vírus
conhecidos da enfermidade. Em cerca de 10% dos casos, foi necessário realizar
transplante de fígado.
Segundo a OMS, mais de 200 casos, até o último dia
29, haviam sido reportados no mundo, a maioria (163) no Reino Unido. Houve
relatos também na Espanha, em Israel, nos Estados Unidos, na Dinamarca, na
Irlanda, na Holanda, na Itália, na Noruega, na França, na Romênia, na Bélgica e
na Argentina. A doença atinge principalmente crianças com um mês de vida aos 16
anos. Até o momento, foi relatada a morte de um paciente.
Em comunicado divulgado no dia 23 de abril, a OMS
disse que não há relação entre a doença e as vacinas utilizadas contra a
covid-19. “As hipóteses relacionadas aos efeitos colaterais das vacinas contra
a covid-19 não têm sustentação pois a grande maioria das crianças afetadas não
recebeu a vacinação contra a covid-19”.
Em nota divulgada no
início de abril, a Agência Nacional de Saúde do Reino Unido, país com maior
número de casos relatados, também informou que não há evidências de qualquer
ligação da doença com a vacina contra o coronavírus. “A maioria das crianças
afetadas tem menos de 5 anos, jovens demais para receber a vacina”.
Sintomas
De acordo com a Opas, braço da OMS nas Américas e
no Caribe, os pacientes com hepatite aguda apresentaram sintomas
gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia, vômitos e icterícia
(quando a pele e a parte branca dos olhos ficam amareladas). Não houve registro
de febre.
O tratamento atual busca aliviar os sintomas e
estabilizar o paciente se o caso for grave. As recomendações de tratamento
devem ser aprimoradas assim que a origem da infecção for determinada.
Os pais devem ficar atentos a sintomas como
diarreia ou vômito e a sinais de icterícia. Nesses casos, deve-se procurar
atendimento médico imediatamente.
O detalhamento dos sintomas da
doença pode ser encontrado no site da Opas.
( Agência Brasil )
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