Em 1983, o então desconhecido Markinhos Moura, aos 20 anos, fez uma participação no "Fantástico". Ele interpretou uma canção de Elis Regina. Com um timbre de voz parecido com o da cantora, foi apresentado quase como um sósia vocal. Mas o sucesso só veio em 1987 com a música Meu Mel, que vendeu mais de 100 mil cópias, conquistando fama nacional com presença constante em programas de TV como Chacrinha, Bolinha, Xou da Xuxa, Globo de Ouro, entre outros.
Ele chegou a cantar no 'Fantástico'. Hoje, depende de ajuda dos amigos.
Trinta
e cinco anos depois, em boa forma, o cantor que mora no Largo do Arouche, em
São Paulo, continua na música e, em paralelo com a atuação, tendo feito algumas
peças teatrais. E conta com a ajuda de seus amigos.
“Não tenho nada, não tenho nem imóvel, tenho que trabalhar
para sobreviver, alguns amigos têm me ajudado. Mesmo naquela época, nunca
ostentei, achava isso cafona, e muita gente ganhou dinheiro em cima de mim.”
O auge em Meu mel não rendeu
dinheiro para Markinhos que, na verdade, acabou com uma dor de cabeça com
uma briga judicial que se arrasta por anos contra a extinta gravadora
Copacabana.
"Quem
ganha hoje são os compositores, eles até hoje recebem, eu ganho quando toca com
a minha voz, e essa música já foi regravada centenas de vezes. Então, sou o que
menos ganhei nessa história", lamenta.
Ao contrário do que muitos imaginam, o artista esclarece que
no passado não se ganhava tão bem como hoje, por isso, não conseguiu fazer um
pé de meia. A situação se agravou mais com a pandemia de covid-19.
"Não
tenho dinheiro guardado, não tenho bens, e sobrevivi e sobrevivo com cestas
básicas, contando com a ajuda dos amigos. Usei o auxílio emergencial na
época que era um direito meu", desabafa.
Preconceito na família
Natural
de Fortaleza, no Ceará, Markinhos Moura nasceu em uma família simples, em que o
preconceito estava sempre presente. Segundo ele, seus tios faziam chacota dos
cabeleireiros do bairro, e chegou até a recusar uma bolsa para estudar balé
clássico, temendo a reação dos familiares. Na infância, seus ídolos eram Elis
Regina e Ney Matogrosso, mas ouvir o cantor vanguardista em casa era
impensável, a solução era fazer isso escondido.
O
interprete se recorda que o bullying estava em todos os lugares, na escola, em
casa e até no ônibus, em função da aparência frágil e da voz fina. A ausência
de um diálogo aberto em casa, fez com que o cantor notasse anos depois que
algumas brincadeiras na infância eram, na verdade, assédios sexuais.
"A
minha iniciação sexual foi atípica, eu brincava muito na rua, mas eu não sentia
desejos nessa época, e alguém sempre pedia para eu tirar a bermuda e faziam
coisas. Não me senti abusado porque eu não sabia o que era isso, mas não se
falava sobre sexo em casa, aprendi tudo na rua e da forma errada, e tenho
cicatrizes que carrego até hoje".
Sucesso e drogas
No ápice
do sucesso na segunda metade dos anos oitenta, o cantor se recorda de como era
vigiado pelas pessoas que trabalhavam com ele, e as orientações que recebia:
"A gravadora queria fazer de mim um galã, eu nunca fui um, briguei muito
por isso, galã era o Fábio Júnior, eu não tinha uma beleza".
Indagado
se teve experiência com outras drogas, ele responde sem hesitar: "Fumei
maconha na década de 80, em casa com amigos, e fizemos isso meia dúzia de
vezes, mas não me fazia bem, dava falta de ar. Os meus amigos começavam a
vomitar, e eu tinha que dar banho neles. Então, aquilo me traumatizou; acho que
isso me salvou", finalizou.
Fonte: UOL
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