O presidente Jair Bolsonaro bateu o martelo e decidiu demitir Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras, segundo fontes do governo ouvidas pela reportagem. O anúncio deve ser feito ainda nesta segunda-feira, 28. O mais cotado para substituí-lo é do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
A decisão foi tomada no mesmo dia em que o ministro da Educação, Milton
Ribeiro, entregou o cargo ao presidente. Ele é investigado por suspeita de
envolvimento com pastores que cobravam propina para intermediar recursos para
escolas, como revelou o Estadão.
A União tem até a última hora no dia 13 de abril, durante a assembleia
dos acionistas, para indicar seus nomes para o conselho de administração da
Petrobras. Como ela é a controladora da estatal, não terá dificuldade em
conseguir o número de votos necessários para eleger seus candidatos,
independentemente da vontade dos acionistas minoritários.
A presença do presidente da companhia no conselho de administração
é uma obrigatoriedade prevista no estatuto social da companhia. Por isso, o
substituto de Silva e Luna deve antes ser referendado pela assembleia como
membro do colegiado. Após receber o aval dos acionistas na assembleia, ele,
automaticamente, está apto a assumir a presidência da empresa. O mandato do
atual presidente da Petrobras vai até março de 2023, mas isso não impede a
substituição.
Bolsonaro se irritou com Silva e Luna pelo 'timing' no anúncio do
mega-aumento dos combustíveis neste mês. A Petrobras pratica a chamada paridade
de preços, ou seja, paga pelo produto o preço cobrado no mercado internacional
e, por isso, repassa eventuais altas para refinarias, o que leva ao aumento de
preços para o consumidor final.
Na quinta-feira, 10, diante do aumento na cotação do petróleo no mercado
internacional, reflexo da guerra na Ucrânia, a Petrobras anunciou reajuste de
18,8% para a gasolina e de 24,9% para o diesel.
No dia seguinte, o Congresso aprovou e Bolsonaro sancionou um projeto
que faz alterações na tributação sobre os combustíveis para tentar aliviar a
alta de preços. Para Bolsonaro, o impacto da aprovação do projeto foi
"mitigado" porque a Petrobras fez o anúncio do mega-aumento antes.
"Olha só, eu tenho uma política de não interferir. Sabemos das
obrigações legais da Petrobras e, para mim, particularmente falando, é um lucro
absurdo que a Petrobras tem num momento atípico no mundo. Então, não é uma
questão apenas interna nossa", disse Bolsonaro, no sábado. "Então,
falar que eu estou satisfeito com o reajuste? Não estou satisfeito com o
reajuste, mas não vou interferir no mercado", completou o presidente.
Se confirmada, esta será a segunda vez que Bolsonaro muda o comando da
Petrobras. Em fevereiro do ano passado, o presidente demitiu Roberto Castello
Branco, também em um momento em que o preço dos combustíveis impactava sua
popularidade.
O POVO
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