O ex-juiz Sergio Moro admitiu, em live com seu apoiador Kim Kataguiri, ter recebido da consultoria norte-americana Alvarez & Marsal quase 4 milhões de reais por um ano de “trabalho” na empresa. A Alvarez & Marsal, por sua vez, recebeu pelo menos 65 milhões de reais das empresas de construção civil atingidas pela Lava-Jato, como a Odebrecht, para recuperá-las judicialmente. Este montante representa 78% de todo o faturamento da consultoria. Ou seja, Moro ficou rico graças às mesmas empresas que destruiu. Não há o que discutir.
Moro exibindo seu holerite no canal de Kataguiri. (FOTO/ Reprodução/ YouTube). |
A relação do ex-juiz que condenou Lula sem provas com a consultoria gringa está sob investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) por possível conflito de interesses, justamente porque a Alvarez & Marsal atua para empresas prejudicadas pela Lava-Jato. Advogados também apontam que Moro deveria ter cumprido uma quarentena de três anos após deixar o cargo de juiz e em seguida o governo Bolsonaro para lucrar na iniciativa privada.
“A Constituição Federal determina que a
quarentena imposta aos juízes corresponde à vedação de exercer a advocacia no
juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo. No caso de Moro, este se afastou da magistratura em novembro
de 2018, portanto, até novembro de 2021 estava de quarentena”, dizem os
advogados Fernando Augusto Fernandes e Guilherme Lobo Marchioni em artigo
publicado no site Consultor Jurídico. “As atitudes do ex-juiz, ex-ministro
Sergio Moro são escandalosas, antiéticas e, fatalmente, estão sob sérias
suspeitas de corrupção.”
Mesmo que a relação financeira com os recuperadores
judiciais das empresas que destruiu seja legal, a conclusão continua a mesma: a
Lava-Jato enriqueceu Moro. Se não tivesse comandado uma operação eivada de
ilegalidades a ponto de o STF anular suas condenações, o ex-juiz de primeira
instância conseguiria ganhar um salário de 243 mil reais por mês na iniciativa
privada? Nunca.
Enquanto isso, segundo o Dieese, 4,4 milhões de
vagas de emprego foram perdidas com a operação, que destruiu a indústria da
construção civil no país –só neste setor foram 1,1 milhão de empregos perdidos.
Apenas a Odebrecht, que ajudou a pagar o salário milionário de Moro na Alvarez
& Marsal, perdeu 230 mil funcionários com a Lava-Jato. Era uma das maiores
empresas de construção civil do mundo. Em qualquer país sério, como os EUA que
o ex-juiz tanto admira, os executivos seriam afastados e punidos e a empresa,
preservada.
Moro passará à História como o primeiro candidato
que destruiu empregos no Brasil antes de chegar à presidência. Essa nem o
ex-chefe dele, Bolsonaro, conseguiu.
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Por Cynara Menezes, originalmente no Socialista Morena.
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