Taxa extra cobrada pela escassez de água será mantida, ao menos, até
abril.Linhas de transmissão de energia elétrica em São Paulo -
Mesmo com a recuperação do nível de água nos
reservatórios das hidrelétricas devido às fortes chuvas, a conta de luz dos
brasileiros não deverá sofrer redução nos próximos meses e, de acordo com
resolução do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) nesta
quarta-feira (12), continuarão em vigência medidas de emergência para garantir
o fornecimento de energia.
A principal prevê um limite de 15 gigawatts médios
(GW médios) para a contratação de energia por termelétricas e de geradoras de
outros países. Além disso, só poderão ser acionadas as térmicas que cobrarem,
no máximo, R$ 1.000 por MWh (megawatt-hora).
Durante o ápice da crise, o país chegou a adquirir
energia das térmicas e até de países vizinhos por mais de R$ 2.000 o MWh, quase
dez vezes mais que o preço de referência. Isso sobrecarregou todo o sistema
elétrico que, no momento, enfrenta um descompasso de R$ 14 bilhões decorrentes desses preços
mais elevados.
Por isso, o ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que a tarifa extra cobrada
na conta de luz, a chamada bandeira tarifária de escassez hídrica,
continuará em vigor até abril deste ano. Por ela, cada consumidor paga R$ 14,20
a mais a cada 100 kWh consumidos.
A medida será necessária para compensar a falta de
chuva nas regiões Sul e Sudeste que, segundo o ONS (Operador Nacional do
Sistema), ainda compromete o nível de água dos reservatórios das usinas.
A pior seca dos últimos 91 anos fez
baixar tanto o nível dos reservatórios, que o CMSE foi obrigado a reduzir a
vazão de água nas turbinas de diversas hidrelétricas como forma de preservar a
água caso ocorresse um agravamento da seca.
Por isso, foi autorizada pelo governo a geração de
energia elétrica por usinas térmicas que passaram a cobrir o déficit das
hidrelétricas a um preço exorbitante. Também houve importação de
energia do Uruguai e da Argentina, o que encareceu demasiadamente a conta de luz
dos brasileiros desde outubro de 2020, quando começaram esses despachos.
A tarifa da escassez hídrica foi criada pela Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica) em agosto do ano passado para cobrir a
alta desses custos que, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, veio pressionando a
inflação a ponto de estourar o centro da meta definida pelo BC para o ano
passado –entre 2,25% e 5,25%. A inflação medida pelo IPCA foi de 10,06% no
período.
O cenário, no entanto, tende a melhorar. As chuvas
fortes registradas nas últimas semanas desde meados de outubro fizeram subir os
reservatórios do país, mas eles ainda se encontram longe da zona de conforto,
especialmente nas bacias hidrográficas do Sudeste e Centro-Oeste, conhecidas
como a caixa-d'água do setor.
Segundo o ONS, em setembro de 2021, o nível dos
reservatórios dessas regiões chegou ao ponto mais baixo —16,75% da capacidade
total. As projeções agora indicam que chegarão ao final de janeiro com 40%. Em
janeiro do ano passado, era 23,36%.
As projeções do ONS apontam que haverá recuperação
dos reservatórios do Norte (que chegarão a 73,2%) e Nordeste (70,2%). No Sul
haverá retomada, mas em patamares menores do que no mesmo período do ano
passado devido às chuvas, ainda escassas na região.
A expectativa do CMSE é que o armazenamento nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste chegue a 47,1%, em junho de 2022 —muito acima
dos 29,1% registrados em 30 de junho de 2021.
"Considerando a repetição do cenário crítico
de chuvas verificado no período chuvoso de 2020/2021, ilustrando que a
recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas está em andamento",
disse o CMSE, em nota.
Com informações: Folha de São Paulo.
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