A volta às aulas nas escolas públicas e particulares, mais uma vez é de incerteza causada pelos dois anos de pandemia de Covid-19 e a atual alta de casos resultado da variante Ômicron e de Influenza, em Fortaleza. Especialistas ouvidos pelo O POVO alertam para os riscos de intensificação das transmissões com a volta às aulas. “Em uma sala de aula, se uma pessoa estiver infectada, e não seguir todas as medidas de precaução, muito provavelmente elas podem infectar outras pessoas”, informa Gláucia Ferreira, médica e infectologista pediátrica.
Escolas devem manter protocolos para reduzir contaminação por Covid-19 (Foto: Fabio Lima
A médica explica que as infecções respiratórias são transmitidas através
de gotículas aerossóis e contato. Desta forma, apesar de pessoas
infectadas-sintomáticas transmitem com maior frequência, aquela na fase
pré-sintomática (pacientes que apresentam cargas virais semelhantes a quem tem
sintomas, mas ainda não sabem que estão infectadas, ou acreditam que, por não
terem sintomas) e assintomática (pacientes que contraíram o vírus mas não
apresentaram nenhum sintoma durante todo o período de desenvolvimento da
doença) podem transmitir infecção para outros indivíduos.
Em relação
ao cenário de contaminação por Covid, no Ceará, os dados indicam que o número
de casos confirmados na primeira semana de 2022 apresentou crescimento de 216%
em relação à primeira semana do mês anterior.
Segundo o
painel IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), entre os dias 1º e 8
de janeiro, o Estado registrou 3.157 novos diagnósticos positivos para a
doença. Esse número é mais que o triplo do total verificado no mesmo intervalo
de dezembro, que somou 997. Em média, foram 394 casos contabilizados a cada 24
horas considerando todos os 184 municípios cearenses.
Tais dados
levam mães, como a educadora Karla Amorim, 30 anos, a se preocuparem com a
saúde dos filhos durante o período de retorno presencial às aulas. “Eu
estou bem receosa, porque meu filho (Dionísio, 3) tem uma imunidade um pouco
fraca. Ele entra em crise alérgica só com a mudança de clima”.
A mãe conta
que, se pudesse deixar o filho ser cuidado em casa, não hesitaria. “Confesso
que se eu tivesse com quem deixá-lo, eu não o levaria agora para a escola.
Nossa família continua bem isolada e seguindo um esquema semelhante ao do ano
de 2020, em relação aos cuidados e exposições contra o vírus”,
finaliza.
Segundo o
médico e imunologista, Cícero Inácio, toda doença infecciosa transmitida por
vias aéreas (resfriado, gripe e Covid-19) aumenta contágio com o início das
aulas das crianças. “Porém a gripe é mais perigosa, em números, para
crianças que a Covid-19, mas não se param aulas por gripe. O importante é
tratar os doentes e isolar os infectados”, argumenta o imunologista.
O médico
recomenda sempre observar os indicadores, e enfatiza a importância das vacinas
para combater as ações das contaminações. “Vida normal com os
devidos cuidados sanitários adequados: isolamento dos doentes, tratar os
doentes, vacinar todos, inclusive crianças, obedecendo os princípios de
segurança, eficácia e imunogenicidade de cada vacina. Além disso, aplicar as
outras vacinas, pois gripe, coqueluche e sarampo também matam”.
Por ter
apenas 3 anos, crianças como Dionísio ainda não pode tomar a primeira dose do
imunizante contra Covid-19. No entanto, para os pequenos de 5 a 11 anos de
idade, o Ceará já se prepara para aplicar a D1 contra o coronavírus. O início
da imunização das crianças desse grupo está programado para 15 ou 17
de janeiro, conforme informou o secretário da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha.
"A vacina recomendada para Sars-Cov-2 liberada, a partir dos cinco
anos, é a vacina da Pfizer. Nessa faixa etária é feita com uma dose menor e uma
composição diferente da utilizada para as crianças maiores de 12 anos. É
necessário que sejam feitas duas doses com intervalo de pelo menos 21 dias, com
objetivo da prevenção dos casos graves da doença, das hospitalizações e
morte", explica a infectologista pediátrica.
A
estipulação de uma data para que as crianças pudessem receber a imunização
serviu para tranquilizar pais e responsáveis como a advogada Fernanda Menezes,
de 25 anos, mãe de Miguel, 7: “O início da vacinação em crianças e a
preparação da escola para receber os alunos me deixa menos preocupada com os
casos de contaminação por Covid no ambiente escolar”, comenta.
“Lá na escola, eles possuem acesso ao álcool em gel por todos os
lugares, tem a questão do distanciamento entre os alunos, utilização de no
mínimo três máscaras. Eles fazem trocas durante toda a manhã”, finaliza.
Já no caso
dos adolescentes, que também voltarão às aulas nos próximos dias, a Prefeitura
de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, relata ter aplicado a
primeira dose da vacina em 202 mil adolescentes, entre 12 e 17 anos, até o
último domingo, 9.
Mas o
imunologista alerta que a aplicação de apenas uma dose não é suficiente para
evitar a transmissão e a contaminação nas escolas. "Assim como
nos adultos não é suficiente (apenas aplicação da D1), também não será para as
crianças".
"Nos adultos vacinados com três doses estão ocorrendo casos de
Covid-19 e transmissão também, bem como ocorrerá com as crianças. Porém as
crianças têm menor potencial de doença grave e morte que adultos, facilitando o
cronograma de aplicação da vacina para crianças", finaliza o médico Cícero Inácio.
A médica e
infectologista Gláucia Ferreira explica que há medidas de precaução, que podem
ajudar a evitar a contaminação nas situações de retorno ao ambiente escolar:
"Pessoas com sintomas gripais, mesmo que leves, não podem
comparecer no ambiente escolar.
Indivíduos sem sintomas devem respeitar o distanciamento de um metro.
Estimular o uso de máscaras a partir dos dois anos.
Higienização das mãos através da lavagem ou uso de álcool 70%.
Vacinação de todos os funcionários da escola e das crianças a partir dos
cinco anos de idade, quando elas foram convocadas.
O ambiente da sala deve ser bem ventilado com janelas e portas abertas.
As escolas precisam proporcionar aos alunos um ambiente limpo, ventilado,
com distanciamento entre as carteiras de um metro".
Os
familiares também têm um papel importante na prevenção dessa disseminação das
infecções respiratórias nas escolas, como manter as crianças em casa, se forem
identificados sintomas gripais. Até mesmo no caso dos filhos terem contatos com
pessoas com esses sintomas, ficarem em observação por pelo menos 72 horas.
Com
informações portal O Povo Online
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