O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ter pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que os pais e responsáveis de menores de 12 anos tenham que assinar um termo de responsabilidade para vacinar as crianças, além da exigência de receita médica.
Presidente brasileiro também quer que vacinação contra Covid-19 só seja feita em crianças com a autorização dos pais.
A declaração foi dada neste domingo (19) a
apoiadores e veículos de imprensa local que acompanhavam o presidente em Praia
Grande, no litoral sul de São Paulo. Bolsonaro está desde sexta-feira (17)
hospedado no hotel de trânsito do Forte dos Andradas, localizado em Guarujá,
município vizinho.
"Trabalhamos ontem [sábado] o dia todo.
Comecei às 3h30 da manhã, às 4h liguei para o Queiroga e dei uma diretriz para
ele. Obviamente, é ele quem bate o martelo porque é o médico da equipe. Vai
passar pela Saúde", explicou.
"O que pretendemos fazer? Vacina para crianças
só se autorizada pelos pais. Se algum prefeito, governador ou ditador quiser
impor é outra história, mas do governo federal tem que ter autorização dos pais
e uma receita médica", completou.
Apesar da fala de Bolsonaro, quem define como será
a vacinação e quais regras devem ser aplicadas são estados e municípios. Além
disso, já exigida a autorização de pais ou responsáveis para a vacinação contra
Covid-19 em adolescentes.
O presidente voltou a reforçar a fala de três dias
antes, quando afirmou ter pedido à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) a divulgação do nome dos técnicos responsáveis pela aprovação do
imunizante da Pfizer para vacinar crianças de 5 a 11 anos -o que causou reação
da agência, repudiando a ameaça.
"A partir do
momento que alguém faz um ato delitoso tem que se apresentar para ganhar
medalha", disse, ao lado de apoiadores.
A autorização do uso da vacina foi divulgada na
quinta-feira (15). A resolução prevê que crianças recebam duas doses de 10
microgramas num intervalo de 21 dias.
No sábado (18), o ministro da Saúde informou que
estabeleceria um procedimento mais longo para autorizar a imunização desse
público e disse que só divulgará a decisão sobre a vacinação de crianças em 5
de janeiro.
Segundo Queiroga, o prazo mais extenso é
justificado por se tratar de um "tema sensível" e que a
"introdução desse produto no âmbito de uma política pública requer uma
análise mais aprofundada".
"Tiveram tanto cuidado com aqueles
medicamentos [hidroxicloroquina e ivermectina] que quase todo mundo tomou, e eu
tomei, mas e agora? Com a vacina você precisa ter cuidado especial, também. Que
fique claro: não me chamem de antivacina porque compramos mais de 300 milhões
de doses. Eu só digo que é voluntário", justificou Bolsonaro.
Até o momento, o imunizante da Pfizer é o único
liberado para aplicação em crianças e adolescentes no país. Na avaliação do
ministro, só a autorização da Anvisa não é suficiente para que a vacinação seja
colocada em prática.
Em outras ocasiões, o governo Bolsonaro já tentou
barrar a vacinação de menores de 18 anos.
Apesar da liberação,
o início da vacinação não pode ocorrer imediatamente porque o Ministério da
Saúde ainda não solicitou a compra de doses específicas para a faixa etária. A
previsão é imunizar 70 milhões de crianças.
O governo também precisará adequar o plano de
vacinação da Covid e organizar a entrega das doses específicas aos estados.
Bolsonaro deve permanecer no
litoral paulista até a próxima quinta-feira (23). Na viagem, ele está
acompanhado por Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, além
dos assessores especiais e de grande comitiva.
FOLHAPRESS
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