Diversos estados têm feito pressão contra a participação de PMs nos atos do dia 7 de setembro. No Pará, o promotor do Ministério Público Militar do Pará, Armando Brasil, assinou um ofício enviado ao Comando da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para que as tropas sejam monitoradas durante o dia das manifestações. Os militares da corporação não podem participar de manifestações político-partidárias.
Promotores e até um juiz militar se movimentaram nas últimas semanas para coibir a participação de policiais militares nos atos bolsonaristas.
Antônio Cruz/Agência Brasil |
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu no
último sábado (4) a participação de policiais militares nas manifestações de 7
de Setembro.
"Se falarmos 'não sou policial militar, não
tenho nada a ver com isso', aguarde que sua hora vai chegar", disse o
presidente, durante a edição brasileira da conferência conservadora dos Estados
Unidos, CPAC.
A frase diz respeito à pressão que governos
estaduais têm feito contra a participação de PMs.
Estados monitoram possíveis atos de indisciplina de
policiais. Promotores e até um juiz militar se movimentaram nas últimas semanas
para coibir a participação de policiais militares nos atos bolsonaristas de 7
de Setembro.
As ações judiciais ocorrem em São Paulo, no
Distrito Federal, em Pernambuco, no Ceará, no Pará, em Mato Grosso e em Santa
Catarina e utilizam instrumentos jurídicos variados de monitoramento,
fiscalização e controle das forças policiais dos estados.
Elas variam da instauração da chamada notícia de
fato, que pede apuração da participação de PMs em atos antidemocráticos, caso
do Ministério Público de Santa Catarina, até uma orientação emitida pelo
próprio juiz militar de Mato Grosso, que alerta o comandante-geral da PM para
"consequências graves e imediatas" nos casos de "quebras de hierarquia
e comportamento subversivo".
Em intervalos do
discurso do presidente neste sábado, seus apoiadores gritavam "eu
autorizo" e "nossa bandeira jamais será vermelha". O encontro,
que se encerra neste sábado, é organizado pelo filho do presidente, Eduardo
Bolsonaro.
A maioria dos participantes estava sem máscara.
Segundo a organização do evento, mais de mil pessoas estavam inscritas.
O chefe do Executivo foi ao evento assim que chegou
na capital de uma viagem a Recife. Estava acompanhado dos ministros João Roma
(Cidadania), Gilson Machado (Turismo), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), e do
secretário da Pesca, Jorge Seif.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro repetiu em
Caruaru (PE) ameaças golpistas, falou numa "ruptura que nem eu nem o povo
deseja" e defendeu que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) sejam
"enquadrados" pela população.
Mais uma vez sem citar nomes, mencionando apenas
"um ou dois" ministros, os ataques foram direcionados a Alexandre de
Moraes e Luís Roberto Barroso, esse último também presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral).
"O STF não pode ser diferente do Poder
Executivo ou Legislativo. Se lá tem alguém que ousa continuar agindo fora das
quatro linhas da Constituição, aquele Poder tem que chamar aquela pessoa e
enquadrá-la, e lembrar-lhe que ele fez um juramento de cumprir a Constituição.
Se assim não ocorrer, qualquer um dos três Poderes... A tendência é acontecer
uma ruptura", afirmou em discurso após motociata por cidades do agreste
pernambucano.
"Ruptura essa que eu não quero nem desejo.
Tenho certeza, nem o povo brasileiro assim o quer. Mas a responsabilidade cabe
a cada poder. Apelo a esse Poder, que reveja a ação dessa pessoa que está
prejudicando o destino do Brasil", discursou diante de centenas de
apoiadores.
Bolsonaro se prepara para
participar de protestos de raiz golpista e de pautas autoritárias em seu favor
que estão marcados para o feriado de 7 de Setembro na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília, e na avenida Paulista, em São Paulo. Bolsonaro
promete comparecer e discursar nos dois atos.
FOLHAPRESS
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