A Polícia Federal assinou na manhã desta quarta-feira (18) um termo de guarda no qual entrega ao Museu Plácido Cidade Nuvens, da Universidade Regional do Cariri (Urca), 237 fósseis contrabandeados por um esquema criminoso de tráfico. As peças de valor histórico-cultural são de origem da Chapada do Araripe e foram alvo da Operação Santana Raptor, realizada em outubro de 2019.
A região, formada pelo municípios de Nova Olinda, Santana do Cariri e
até Missão Velha, por exemplo, é uma das três mais ricas do mundo na quantidade
de fósseis. Formados há cerca de 110 milhões de anos, eles são vendidos no
exterior, conforme órgãos de investigação, por até 150 mil dólares cada um, a
depender da sua importância.
A Polícia Federal assinou o termo provisório após determinação da
Justiça Federal para que as peças ficassem sob guarda do museu, que realiza
pesquisas paleontológicas com os fósseis da região. Todos os materiais foram
apreendidos em casas ou escritórios dos alvos da operação, em outubro de 2020.
De acordo com a PF, o inquérito sobre o caso ainda está em conclusão,
uma vez que são aguardadas análises periciais em objetos apreendidos na Santana
Raptor.
Operação mirou professor da UFRJ
Em outubro do ano passado, a Polícia Federal cumpriu 19 mandados de
busca e apreensão, sendo 17 no Ceará e 2 no Rio de Janeiro. Um professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi um dos alvos por suspeita de
integrar a organização criminosa.
Investigações do Ministério Público Federal do Ceará (MPF) apontam que o
esquema consistia na extração e comercialização ilegal de fósseis por
trabalhadores de pedreiras na região, onde dois homens foram presos. Um deles
estaria entre os principais negociadores de fósseis entre 2017 e 2020, e o
segundo seria o responsável por receber valores do professor da UFRJ para
coletar e guardar os fósseis.
Em nota, a UFRJ informou que "todos os fósseis sob a guarda da UFRJ
estão legalmente cadastrados e catalogados na instituição e notificados aos
órgãos responsáveis". A UFRJ comunicou ainda "que todos os docentes e
a própria unidade (Instituto de Geociências) têm documento de autorização para
coleta e pesquisa de fósseis na Bacia do Araripe (CE), fornecido pela Agência
Nacional de Mineração (ANM)".
As investigações do MPF apontaram a atuação de uma rede de empresários,
servidores públicos e atravessadores que negociam fósseis raros da região, com
indícios da prática ilícita por parte do professor da UFRJ e de outros pesquisadores
nacionais e estrangeiros.
Caso os crimes sejam comprovados, os investigados responderão pelos
crimes de organização criminosa, usurpação de bem da União e crimes ambientais,
e podem ser condenados a penas de até 16 anos de prisão.
Fonte:
G1 CE
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