O Brasil tem capacidade para imunizar 70% da população com as duas doses da vacina contra a covid-19 até dezembro, caso mantenha a média atual de um milhão de doses aplicadas por dia. A taxa é considerada ideal para que a vacina seja capaz de controlar a transmissão do vírus.
Considerando que o Brasil já aplicou cerca de 115,7 milhões de vacinas –
entre 1ª dose, 2ª dose e dose única -, ainda precisamos aplicar 137,3 milhões
de doses. Os dados são do Ministério da Saúde e podem ter defasagem. O País tem
vacinado um milhão de pessoas por dia, em média, há pelo menos um mês. Por
isso, e com base nas entregas previstas para os próximos meses, estima-se que
esse volume irá se manter.
“O brasileiro quer se vacinar, isso está claro”, diz a vice-presidente
da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai. “Por isso, o fator
que realmente pode impactar na evolução da campanha de imunização é a chegada
de vacinas.”
Pelo vacinômetro do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Universidade
Federal de Alagoas, 34,6% dos brasileiros que já deveriam ter tomado a 2ª dose
da AstraZeneca estão em atraso (2,6 milhões). E dois milhões têm reforço da
Coronavac pendente. Os números são do dia 11.
É essencial que o País alcance a cobertura esperada com as duas doses
para que a vacinação cumpra seu papel de reduzir drasticamente casos e mortes.
“Sabemos que uma dose já dá resultado, mas é essencial tomar as duas doses e
que não haja atraso”, ressalta Isabella.
Estudos já mostram, por exemplo, que duas doses da AstraZeneca ou da
Pfizer protegem contra a variante Delta – descoberta originalmente na Índia e
mais transmissível -, mas uma dose é insuficiente. O avanço dessa cepa tem
elevado infecções pelo mundo e freado planos de reabertura do comércio.
Lá fora
Conforme o site Our World In Data, ligado à Universidade de Oxford,
apenas Malta e Islândia conseguiram vacinar completamente ao menos 70% da sua
população. Entre as nações com mais de um milhão de habitantes, a que está mais
próxima da marca são os Emirados Árabes Unidos (66%).
Outros lugares que se aproximam desse patamar, como Reino Unido, Israel
e partes dos Estados Unidos, já veem mortes despencarem. O epidemiologista
Pedro Hallal explica que a taxa de 70% é uma estimativa. “Conseguimos observar
melhora nos indicadores quando pelo menos 40% da população recebe ao menos uma
dose da vacina. No momento em que 70% estiverem totalmente vacinadas, a covid
será um problema bem pequeno.” Ele acredita que o Brasil alcance o índice no
fim de dezembro.
O microbiologista Luiz Gustavo Amaral fala que o “número mágico” de 70%
é calculado com base na efetividade das vacinas e se refere aos imunizantes com
maior eficácia. Como o Brasil usa diferentes tipos de vacinas, a taxa pode
variar.
Foto: Stephane Mahe/Reuters
Fonte: Exame
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