Com o agravamento do seu estado de saúde, Bruno Covas já sentia que o momento do fim estava perto. E dois dias antes de morrer ele escreveu uma carta de despedida.
Ele escreveu o texto dois dias antes de morrer e disse que governo federal vem "desdenhando da vida" dos brasileiros.
Bruno Covas escreveu carta aos correligionários dois dias antes de morrer | Rovena Rosa/Agência Brasil
A carta foi endereçada a correligionários e em seu
conteúdo Bruno Covas falava das consequências catastróficas da pandemia,
criticava o governo federal no enfrentamento da Covid-19 - ele dizia,
inclusive, que o governo vem "desdenhando da vida e da saúde dos
brasileiros ao longo da pandemia" -, e ressaltava que o momento era de
união, não de polaridades políticas.
O conteúdo da carta foi lida publicamente no evento
de filiação de Rodrigo Garcia, vice-governador de São Paulo (ex-DEM), ao PSDB,
na sexta-feira. Segundo a jornalista Natuza Neri, em seu blog no G1, que trouxe
a carta a público, enquanto a mensagem era lida, alguns dos presentes se
entreolharam, porque já sabiam que, àquela altura, Bruno Covas estava sendo
sedado e provavelmente não mais acordaria. Aquela seria, então, sua mensagem
final.
LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA:
"São Paulo, 14 de
maio de 2021
Minhas companheiras e
meus companheiros,
Espero que estejam bem e
protegidos.
Gostaria de em primeiro
lugar agradecer a todo carinho, a todas as orações e energia positiva que vocês
têm me enviado. Lamento não conseguir responder a tantas mensagens, sintam-se
todos abraçados. O apoio e o suporte de vocês têm sido decisivos no meu
tratamento. Venho seguindo à risca as orientações da minha equipe médica e, de
cabeça erguida, enfrentado os desafios que a vida me impõe. A luta é dura e árdua,
mas não esmoreço e sigo em frente.
Esses últimos meses têm
sido muito desafiadores para todos nós. A pandemia da Covid-19 tem cobrado um
preço caro dos brasileiros e vamos caminhando para contabilizar 430 mil mortos.
Uma tragédia sem precedentes que já deixa e vai deixar muitas marcas na nossa
história. As consequências são catastróficas: vidas interrompidas, famílias em
sofrimento, negócios em dificuldade, desemprego, pobreza e, lamentavelmente, a
fome. Faço esse preâmbulo pois é exatamente sobre o que se trata o dia de hoje:
política. A solução para nossos problemas só será enfrentada pela via da
política, pela via democrática, pela seriedade com que os governos trabalham e
realizam políticas públicas.
Tucanas e tucanos podem
se orgulhar de todo o esforço que nossos governos, no estado de São Paulo e nos
municípios, incluindo a nossa capital, têm feito para enfrentar a pandemia. Das
vacinas em produção e desenvolvimento pelo Instituto Butantan, à expansão
vertiginosa da infraestrutura hospitalar, o fortalecimento do SUS em nosso
estado é uma realidade.
Em contraposição ao
governo federal, que vem desdenhando da vida e da saúde dos brasileiros ao
longo da pandemia, o PSDB de São Paulo e seus aliados vêm demonstrando na
prática aquilo que é sua vocação: responsabilidade pública, colocar a
população, sobretudo a mais pobre, em primeiro lugar, cuidar de gente, fazer um
trabalho técnico e baseado em evidências e na ciência, tomar atitudes difíceis
e enfrentar as adversidades sempre com respeito, dignidade e defendendo a
democracia.
Somos um partido forte,
sólido, com muitos serviços prestados ao nosso país e ao nosso estado. Somos um
partido de quadros competentes e que colocam o compromisso público em primeiro
lugar.
É nesse contexto que
quero ressaltar a importância dessa cerimônia de hoje. O momento do Brasil
demanda de todos nós espírito público, unidade, agregação, somar e não dividir,
não deixar nenhum interesse pessoal sobrepujar o interesse coletivo. Receber em
nossos quadros o vice-governador Rodrigo Garcia sinaliza exatamente isso. Ele
tem sido incansável na defesa do interesse público. Tenho por ele muito apreço
e consideração. Foi decisivo na nossa vitória na eleição passada aqui na
Capital e tem sido aliado histórico dos tucanos. Foi aliado do meu avô, foi
aliado de Geraldo Alckmin, foi aliado de Serra, ê meu parceiro e aliado, é
aliado do Governador Joao Doria, sempre esteve do nosso lado, nada mais natural
do que se juntar a nós nessa caminhada.
No sonho de nossos
fundadores, o Partido da Social-Democracia Brasileira, seria o partido capaz de
juntar as forças democráticas ponderadas da república na luta pelo bem comum.
Rodrigo é um liberal progressista, um parlamentarista, está afinado com nossos
valores e ideais. Sua trajetória e sua experiencia político administrativa vem
contribuir em muito para que nosso partido possa se fortalecer ainda mais e
continue a promover as mudanças que a população precisa no estado de São Paulo.
Seja bem-vindo Rodrigo
Garcia, seja bem-vindo ao ninho tucano, seja bem-vindo a Social-Democracia
Brasileira.
Muito Obrigado!
Bruno Covas"
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