O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou nesta segunda-feira (26) as mudanças feitas por estados e municípios nos grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19. Ele disse que as alterações atrapalham a estratégia de imunização no país e fez um apelo para que a ordem prevista no plano nacional seja seguida.
O titular do Ministério da Saúde, Marcelo Queiroga, também reclamou de descumprimento do cronograma de vacinação acordado no Plano Nacional de Imunização (PNI). Segundo ele, alterações atrapalham a estratégia e fez apelo para que a ordem prevista seja seguida.
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agênica Brasil
"Se nós respeitássemos o Programa Nacional de
Imunizações [PNI] conforme pactuado na tripartite [comissão que reúne União,
estados e municípios], ele seria melhor", disse, ao citar o ritmo de
vacinação.
"Ocorre que, às vezes, muda-se a orientação na bipartite
[estados e municípios] para incluir um grupo ou outro, e isso termina por
alterar a harmonia do nosso programa e atrapalha o processo de vacinação. Então
é até um apelo que eu faço. Nós sabemos que, no afã de contribuir com a
vacinação, às vezes se pressiona para botar um grupo prioritário ou outro.
Todos têm razão em querer ter a vacinação o mais rápido possível, mas, às
vezes, isso atrapalha o nosso PNI", afirmou em audiência no Senado.
Ainda segundo o ministro, o atraso na chegada de insumos
para produção de vacinas tem gerado preocupação em alguns estados sobre a
oferta da segunda dose da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan. Agora,
a pasta avalia uma nova recomendação sobre o tema.
"Há cerca de um mês se liberaram as segundas doses
para que se aplicassem, e agora, em face do retardo dos insumos vindos da China
para o Butantan, há uma dificuldade com essa segunda dose. E, como esta semana
não temos previsão de chegada de vacina do Butantan, só daqui a cerca de dez
dias, vamos emitir uma nota técnica acerca desse tema."
O ministro não informou, porém, o que deve constar na nota
técnica e qual medida pode ser aplicada.
Ele criticou a possibilidade de judicialização para
garantia de oferta das doses, citando como exemplo decisão da Justiça Federal
que determinou ao ministério, governo e prefeitura a garantia de aplicação das
doses em João Pessoa (PB). "Se todos judicializarem, não há doses para
todo mundo", disse.
O jornal Folha de S. Paulo questionou o Ministério da
Saúde sobre o que pode mudar com a nota técnica, mas ainda não teve retorno.
Segundo membros da pasta ouvidos pela reportagem, uma das possibilidades em
análise é reforçar a recomendação de reserva do volume enviado para segunda
dose.
Ainda na audiência, Queiroga rebateu críticas sobre a
diferença entre o número de doses enviadas e aplicadas de vacinas contra a
Covid e disse ter pedido mudanças à equipe no modelo de divulgação dos dados,
"para que não gere tanto calor em relação a essa questão".
"Tudo o que não precisamos neste momento é de
polêmica", disse. Até o momento, o país já distribuiu cerca de 57 milhões
de doses –destas, 37 milhões já constam em sistema da pasta como aplicadas.
"Isso gera uma discussão. 'Ah, onde estão essas
doses? Não foram aplicadas?'. A maior parte foi aplicada. Algumas também são
dose 2, e estão guardadas, e outras não chegaram aos municípios, porque há um
delay de cerca de dez dias para que essas doses, uma vez entregues, sejam
distribuídas", afirma.
Queiroga também voltou a comentar sobre o cronograma divulgado
pela pasta no sábado (24), o qual reduziu em 31% a previsão de entrega de doses
de vacinas contra Covid em maio.
Até então, o cronograma anterior previa 46,9 milhões de
doses para o próximo mês, enquanto o atual prevê 32,4 milhões de doses.
Segundo ele, a mudança ocorre devido à decisão da pasta de
retirar do cronograma a previsão de doses das vacinas Covaxin e Sputnik, ainda
não aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e pelo
atraso na chegada de insumos usados pela Fiocruz e Butantan para produção das
doses.
Questionado pelos senadores, o ministro negou que haja
dificuldades diplomáticas para liberação dos insumos e atribuiu o atraso a
entraves na produção do material.
"São questões administrativas e não diplomáticas. Se
houve isso no passado, está superado", disse.
FOLHAPRESS
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