O Instituto Butantan encaminhou nesta semana à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedido de autorização para testar um soro, desenvolvido pelo instituto, em pacientes com covid-19. De acordo com o Butantan , o soro, que é produzido em cavalos, pode ajudar a reduzir a letalidade e a gravidade da doença e aliviar o sistema de saúde.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas,
disse que o estudo inicial seria feito com pacientes transplantados de rim do
Hospital do Rim e pacientes com comorbidades do Hospital das Clínicas, na
capital paulista.
A Anvisa informou que já recebeu o pedido de
autorização dos testes, que está em análise técnica., mas ressaltou que o
Butantan ainda não entregou o Dossiê Específico de Ensaio Clínico, que contém o
protocolo clínico do estudo a ser realizado. Segundo a Anvisa, o dossiê é o
principal documento para a avaliação e é obrigatório.
A expectativa do Butantan é que os testes sejam
autorizados pela Anvisa na próxima semana.
O soro
O soro está sendo testado em animais como coelhos
e camundongos e já demonstrou que estes tiveram diminuição da carga viral e
perfil inflamatório reduzido. Além disso, os animais apresentaram preservação
da estrutura pulmonar. Os estudos clínicos estão sendo conduzidos pelo
infectologista Esper Kallás, da Universidade de São Paulo, e pelo nefrologista
José Medina, que integram o Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo.
O soro foi produzido a partir da inoculação do
vírus inativo em cavalos. O corpo dos animais reage ao microrganismo e produz
anticorpos para combater a infecção. Depois, o sangue dos equinos é coletado e
esses anticorpos são isolados para que possam ser usados contra a doença. É
esse produto que está sendo testado em roedores que foram inoculados
previamente com coronavírus.
“Este soro, em testes pré-clínicos, demonstrou
que é seguro e efetivo em dois tipos de estudos animais”, afirmou Dimas Covas.
Com os resultados positivos em animais, agora os
pesquisadores querem testá-lo em humanos. O objetivo é verificar a segurança e
a eficácia do soro em pacientes já infectados com o novo coronavírus. Três mil
frascos de soro estão prontos para o início imediato dos testes em humanos.
Caso o soro apresente a eficácia esperada nos
testes feitos em humanos, poderá ser usado para tratar pacientes que já estejam
infectados e apresentem sintomas. “Os animais que foram tratados tiveram o
pulmão protegido, ou seja, não desenvolveram a forma fatal da infecção pelo
coronavírus, mostrando que os resultados de estudos em animais são extremamente
promissores. Esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora nos
estudos clínicos que poderão ser autorizados na próxima semana [pela Anvisa]”,
acrescentou Covas.
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