não mexer

header ads

Comunidade Quilombola : 202 pessoas são vacinadas no sitio Carcará em Potengi.

A vacinação aos grupos prioritários de quilombos iniciou nesta terça-feira (30), na comunidade do Carcará, em Potengi. O quilombo possui 130 famílias organizadas em Associação Comunitária, estes quilombolas associados têm prioridade de vacinação de acordo com o CIB do Governo do Ceará. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, foram vacinadas 202 pessoas no dia de ontem.

Processo de vacinação começou ontem (30) e 258 famílias de Carcará, Catolé e Sassaré serão vacinadas durante esta semana.


A moradora Maria Luiza da Silva (76) recebeu a primeira dose da vacina na comunidade do Carcará. Foto: Ascom/Potengi.


O município de Potengi recebeu na última segunda (29), o quantitativo de 1290 doses de vacinas destinadas às comunidades de Carcará,Sassaré e Catolé. Hoje (31) iniciará a imunização na localidade de Catolé.

Amanhã, 01 de abril, a equipe da Saúde se deslocará até o Sassaré. Existe a estimativa de mais 128 famílias serem contempladas pela Astrazeneca.

Potengi é o município da região do Cariri com maior quantidade de quilombos mapeados, de acordo com o Grunec (Grupo de Valorização Negra do Cariri). Foto: Ascom/Potengi.
Das raízes familiares, Carcará é um pássaro que guia em direção  aos ensinamentos repassados de geração em geração. A moradora Maria Luiza da Silva (76), foi a primeira idosa a receber a vacina, com o rosto coberto parcialmente pela máscara branca, esbanjou felicidade. “Eu tô morta de alegre! Isso é uma benção para Deus e o mundo. Minha mãezinha! O jeito é correr atrás do que é bom, de alegria, guardando nós abaixo de Deus”, expressou dona Maria.

A quilombola Maria Bento da Cruz (58) também foi uma das primeiras pessoas a receber a dose, em conversa com a equipe, disse que não via a hora de chegar a sua vez. “Me sentindo muito aliviada de ter tomado a primeira dose, tô satisfeita, foi ótimo”, para finalizar, a moradora agradeceu aos profissionais de saúde, demonstrou orgulho em fazer parte do quilombo de Carcará e importância de se reconhecer enquanto quilombola.

Equipe de servidores públicos de Potengi reunidos na comunidade de Carcará. Potengi: Ascom/Potengi. 

Da tranquilidade do ambiente à família genealógica descendente de quilombolas, Vanessa Parente (28) fala com orgulho da vitória do grupo étnico em ser valorizado e da prevenção da vacina a todos ao redor da comunidade.

“Minha família é toda descendente de quilombola, todos, desde a geração passada, e só me dá forças pra fincar minhas raízes cada vez mais aqui”, exclamou satisfeita.  

A necessidade de uma política de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais trouxe a inclusão das comunidades quilombolas no Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19. Uma conquista para as populações originárias de Potengi, os quilombolas demarcam a identidade e a raíz ancestral do berço que constitui a história do município. 

Foto: Ascom Potengi

No estado do Ceará, 80 quilombos em 42 municípios foram mapeados para a contemplação da vacina através da Cequirce (Comissão Estadual dos Quilombolas Rurais do Ceará). Potengi é destaque na região metropolitana do Cariri, que integra 27 municípios, possuindo o maior mapeamento de quilombos, com Carcará, Sassaré e Catolé, reconhecidos pelo Grunec (Grupo de Valorização Negra do Cariri). Porém, apenas Carcará possui certificação pela Cequirce e Conac (Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas).

Vacina, toré e fé: Carcará é memória marcada na história de conquistas quilombolas.
A coordenadora do Toré, Antônia Vieira da Silva Carvalho (56), conhecida como “Bizunga”, nascida e crescida no Carcará, afirmou que a comunidade estava aguardando a chegada dos profissionais de saúde com a vacina, quando por meio dos jornais, souberam que as populações ribeirinhas e quilombolas estavam incluídas nos grupos prioritários. “Nós estamos muito felizes, que Deus abençõe, que a batalha atravesse essa crise muito pesada, as pessoas estão sem poder trabalhar, sem poder ganhar o pão de cada dia, uns trabalham na roça, mas trabalhar doente não tem como”, afirmou a brincante de toré.

Em metáforas, Bizunga faz prece para um futuro distante do novo coronavírus. “Que a doença vá para as ondas do mar sem fim e o tempo volte, pra gente viver livre que nem passarinho solto”,diz tomando café na sua cadeira de balanço. 

ASCON.

Postar um comentário

0 Comentários