Se muitos cearenses relaxaram as medidas sanitárias após contraírem Covid-19, sob a confiança de estarem imunes à doença, novos dados divulgados neste mês pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) por meio de nota técnica reacendem o alerta: 76 pacientes testaram positivo duas vezes para o novo coronavírus no Estado, entre junho e dezembro de 2020. A maioria deles é de adultos entre 30 e 39 anos.
Entre 11 de junho e 31
de dezembro de 2020, foram notificados à Sesa 143 casos suspeitos de
reinfecção, dos quais 59 foram descartados porque os pacientes não haviam
realizado exames RT-PCR em ambas as manifestações de sintomas e outros nove
porque os testes tinham intervalo inferior a 90 dias entre si.
“O aumento do número de
casos adicionais de provável reinfecção pelo Sars-CoV-2 ou recorrência da
Covid-19 nos permite concluir que tais fenômenos são relativamente comuns
entre nós. Neste período, também pudemos observar o acúmulo de relatos de
ocorrências semelhantes em outras regiões do Brasil, além de países
estrangeiros”, pontua o documento.
32
municípios do Ceará casos prováveis de reinfecção:
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Fortaleza (25 casos)
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Aracati (1)
·
Assaré (1)
·
Barbalha (1)
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Campos Sales (1)
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Crateús (1)
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Granja (1)
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Iracema (1)
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Jaguaretama (1)
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Maracanaú (1)
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Meruoca (1)
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Monsenhor Tabosa (1)
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Morada Nova (1)
·
Orós (1)
·
Palhano (1)
·
Pereiro (1)
·
Quixadá (1)
·
Santana do Acaraú (1)
·
Santana do Cariri (1)
·
São Gonçalo do Amarante (1)
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Tauá (1)
·
Umari (1)
·
Alto Santo (2)
·
Itaitinga (2)
·
Juazeiro do Norte (2)
·
Russas (2)
·
Sobral (2)
·
Farias Brito (3)
·
Ipu (3)
·
Maranguape (3)
·
Milagres (5)
·
Mombaça (5)
Fechando os 76 pacientes
possivelmente reinfectados está um oriundo de São Paulo, mas diagnosticado em
terras cearenses. 62% dos casos prováveis de reinfecção são de mulheres: elas
somaram 47 pacientes. Os 29 demais registros, que correspondem a 38% do total,
são entre homens.
Sintomas
na reinfecção
Dos 76 casos que
continuam como “prováveis” de nova manifestação da doença, quatro foram
assintomáticos, mas preencheram critérios laboratoriais; e 72 tiveram
recorrência de sintomas agudos da Covid-19. Em três destes últimos pacientes, o
período entre as duas infecções foi de 21 a 45 dias.
O servidor público
Luciano Frota, 38, testou positivo para o Sars-CoV-2 duas vezes em dois meses:
uma em novembro de 2020, quando ficou assintomático; e outra em janeiro deste
ano, episódio em que apresentou sintomas leves e moderados da Covid por mais de
dez dias: febre, dores de cabeça e no corpo, perda de olfato e paladar, e até
uma pneumonia leve.
“Como na primeira vez eu
fiquei assintomático pelos 14 dias, fiquei mais calmo em relação à doença, mais
tranquilo, porque imaginava que não seria reinfectado. Mas, pra minha surpresa,
tive reinfecção e com uma piora. Agora, os cuidados estão redobrados. Eu já
evitava aglomerações, sempre, mas estou lavando mais as mãos, chego em casa e
já troco de roupa. Estou mais atento”, reconhece Luciano.
O cearense está inserido
na faixa etária que mais registra casos prováveis de reinfecção: a de 30 a 39
anos, que inclui 26 casos, 34,2% do total. Em seguida, vêm os adultos de 40 a
49 anos, com 15 casos; os jovens de 20 a 29 anos, com 12; e a faixa de 50 a 59
anos, com oito registros. Pessoas com 60 anos ou mais concentram 13 das
ocorrências, e somente duas crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos foram
possivelmente reinfectadas.
Profissionais
da saúde
Os mais afetados pela
onda de reinfecção por Covid são os profissionais da saúde: seis a cada dez
casos prováveis são entre eles. Enfermeiros e técnicos somam 20 reinfectados,
seguidos pelos médicos, com 14 casos.
Cuidadores de idosos,
farmacêuticos, fisioterapeutas e condutores de ambulância também estão entre os
76 provavelmente reinfectados no Estado, assim como caminhoneiro, profissional
da educação e policial. 60,5% dos pacientes possivelmente reinfectados, ou
seja, 40 dos 76, não tinham nenhuma comorbidade.
De acordo com a Sesa,
por meio da nota técnica, não é possível determinar se os quadros de reinfecção
foram causados por uma nova cepa do coronavírus. “Infelizmente, as amostras
enviadas para sequenciamento e isolamento no Laboratório de Vírus respiratórios
do Instituto Evandro Chagas (LVR-IEC) não encontravam-se com qualidade adequada
para sequenciamento genético e análise filogenética viral”, informa o
documento.
Segundo a
secretária-executiva de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Magda Almeida,
pessoas que positivam duas vezes em exames RT-PCR são monitoradas e, algumas,
contatadas pela secretaria para acompanhamento. “Ainda não se conseguiu fazer
sequenciamento, isolar duas cepas diferentes, para caracterizar a reinfecção,
mas são casos prováveis”, ela diz.
A gestora lembra ainda
que, devido à circulação da nova cepa do coronavírus, é possível que as pessoas
estejam adoecendo novamente somente por ainda não terem adquirido imunidade à
variante.
Apesar de a maior parte
dos casos ter apresentado sintomas mais graves na provável segunda infecção, a
Pasta analisa que “de uma forma geral, não houve diferença significativa nas
manifestações clínicas relatadas nos dois episódios, embora desfechos
desfavoráveis, como internamento, necessidade de suporte ventilatório e a
ocorrência de óbito tenham sido mais comuns no segundo episódio”.
Fonte: Diario do Nordeste
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