O Papa Francisco agradeceu neste sábado (23) aos profissionais de comunicação pela coragem e determinação de mostrar os abusos e injustiças contra os pobres e de retratar as numerosas realidades do planeta nestes tempos de pandemia.
Intitulada “Vem e
verás”, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações
Sociais deste ano reflete sobre princípios do jornalismo. Extraído do Evangelho
de João, o tema tem como subtítulo “Comunicar encontrando as pessoas onde estão
e como são”.
“O próprio jornalismo,
como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai:
mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos
que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais (jornalistas,
operadores de câmara, editores, cineastas que trabalham muitas vezes sob
grandes riscos), se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das
minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças
contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras
esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas
também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um
empobrecimento para a nossa humanidade”, afirma o Papa.
Segundo ele, há o risco
de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais
rico, como na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, com a
exclusão dos menos favorecidos.
“Quem nos contará a
expectativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África?
Deste modo, as diferenças sociais e económicas a nível planetário correm o
risco de marcar a ordem da distribuição das vacinas anti-Covid, com os pobres
sempre em último lugar”, disse o pontífice, alertando para que a distribuição
das vacinas anti-Covid não obedeça a uma lógica de lucro.
O pontífice afirma que
“vem e verás” foi a forma como a fé cristã se comunicou, começando pelos
primeiros encontros nas margens do rio Jordão e do lago da Galileia. Aos primeiros
discípulos que o quiseram conhecer, depois do seu batismo no Rio Jordão, Jesus
respondeu: “Vinde e vereis”. Segundo o Papa, a fé cristã começa desta forma e
assim é comunicada: “com um conhecimento direto, nascido da experiência, e não
por ouvir dizer”, algo muito atual em tempos de grupos de Whatsapp.
Segundo Francisco, vir e
ver pressupõe dois movimentos. O primeiro deles é sair da presunção cômoda do
“já sabido” e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las. Isso requer
transparência e honestidade intelectual. Mas além do aspecto moral, “ir e ver”
se refere a algo básico no jornalismo, isto é, deixar de lado a informação
construída nas redações, em frente do computador, para sair à rua, “gastar a
sola dos sapatos”, encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar
informações.
Foto: Reprodução
Fonte: Portal G1
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