O diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, declarou nesta segunda-feira (3) que a situação do Brasil na pandemia de Covid-19 continua a ser “muito preocupante”.
Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) (Christopher Black/OMS)
“A situação no Brasil continua a
ser muito preocupante, com muitos estados relatando alto número de casos. A
contagem média diária é de 60 mil [novos] casos e mais de mil mortes por dia”,
afirmou Ryan.
O diretor de emergências declarou
que a única forma de resolver o problema, no Brasil e em outros países que
estão em condições semelhantes, é suprimir a transmissão comunitária, com união
das esferas de governo e das comunidades locais.
“Em todos os países, o governo
precisa fazer sua parte, para detectar e isolar casos, rastrear contatos,
quando possível, e criar condições nas quais a doença não pode se espalhar
facilmente”, afirmou. “Isso é muito fácil de dizer, mas muito difícil de
alcançar”, admitiu Ryan.
“Não há bala mágica aqui, como eu
já disse antes. Isto vai requerer uma reprogramação, em muitos países, sobre
como eles abordam a supressão deste vírus, como eles abordam a comunicação, o
empoderamento e o engajamento com as comunidades”, disse.
“Alguns países realmente vão ter
que dar um passo para trás agora e olhar como eles estão lidando com a pandemia
em suas fronteiras nacionais. Eles estão fazendo todo o possível –
politicamente, economicamente, medicamente – para suprimir o vírus e apoiar
suas comunidades?”, questionou.
A líder técnica da OMS, Maria van
Kerkhove, lembrou que a transmissão do vírus não costuma ocorrer de forma
uniforme em todo o país. Ela afirmou, também, que o Brasil é um país de
“tremendos recursos” e “tremenda vontade” no enfrentamento ao problema.
“Nós vimos, em alguns países que
passaram por algo similar, que eles tentaram isolar o lugar onde está o maior
problema e mobilizar os recursos para lá primeiro, se os recursos estão
limitados”, disse van Kerkhove. “Nós sabemos que no Brasil há tremendos
recursos, e há tremenda vontade para enfrentar esse problema.
O diretor-geral da OMS, Tedros
Adhanom Ghebreyesus, afirmou que, no Brasil ou em outros lugares, a situação
pode ser revertida.
“Nunca é tarde demais”, disse
Tedros. “Eu gostaria de citar Martin Luther King: ‘o momento sempre é certo
para fazer o que é certo’. Acho que o que podemos aprender com isso é: não
devemos desistir. Qualquer coisa pode ser revertida. Nunca é tarde demais. No
Brasil ou em outros lugares, a situação pode ser revertida”, disse.
Na sexta-feira (31), a OMS
registrou um recorde de novos casos diários em todo o mundo: foram mais de 292
mil novas infecções em 24 horas.
No Brasil, a Covid-19, causada
pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), já matou mais de 93 mil pessoas. Em julho,
foi registrado o número mais alto de mortes em um mês desde o início da
pandemia: 32.912. O mês foi o segundo consecutivo em que mais de 30 mil pessoas
morreram por causa da doença no país.
Fonte: G1
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