Integrantes do STF (Supremo
Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) veem no conteúdo da
nota divulgada por Jair Bolsonaro na noite de sexta-feira (12) preocupação do
governo com julgamento da chapa presidencial na corte eleitoral.
Na nota, Bolsonaro diz que Forças
Armadas não cumprem ordens absurdas e não aceitam tomada de poder por
julgamento político.
Magistrados ouvidos pela Folha
afirmam, reservadamente, tratar-se de mais uma tentativa de intimidação contra
o Judiciário.
No entanto, não veem uma ameaça no
documento, avalizado por militares e pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
Acreditam ser parte da retórica construída por Bolsonaro, mas que o governo
segue cumprindo as decisões do Judiciário.
A corte eleitoral analisa um
processo que pode levar à cassação da chapa eleita em 2018.
A ação foi aberta após a Folha
revelar, durante o segundo turno das eleições, que correligionários de
Bolsonaro dispararam, em massa, centenas de milhões de mensagens, prática
vedada pelo TSE.
O esquema foi financiado por
empresários sem a devida prestação de contas à Justiça Eleitoral, o que pode
configurar crime de caixa dois.
Na avaliação na cúpula do
Judiciário, o comunicado desta sexta-feira não leva a crise para outro patamar.
Segue a aposta do presidente numa estratégia de disparar ameaças para
demonstrar força junto a seus simpatizantes.
Na própria noite de sexta, após o
ministro Luiz Fux, do Supremo, ter publicado decisão ressaltando que as Forças
Armadas não são poder moderador da República, Bolsonaro divulgou comunicado
também assinado por Mourão e pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo —ambos
generais da reserva.
Folha de S.Paulo
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