O governo brasileiro anunciou neste sábado (27) parceria com a farmacêutica britânica AstraZeneca e com a Universidade Oxford, no Reino Unido, para desenvolvimento e produção de vacina contra o novo coronavírus. A estimativa é que o Brasil tenha pelo menos 30,4 milhões de doses até janeiro de 2021. As informações são do UOL.
Como funciona a vacina de Oxford? A estratégia
usada é a de um vetor viral não replicante. Isso significa que os cientistas
usam um vírus diferente do coronavírus como uma espécie de “cavalo de Troia”.
No caso da vacina da Universidade de Oxford, é utilizado um adenovírus. Esse
vírus é geneticamente modificado para se tornar fraco, ou seja, não infeccioso
e incapaz de se replicar no corpo humano. Os pesquisadores inserem neste vírus
uma parte do coronavírus também modificada e não infecciosa, uma proteína.
Quando essa vacina é injetada no corpo, o sistema
imunológico promove uma resposta imune a essa proteína que estava escondida
dentro do vetor, levando à produção de anticorpos e de outras células de defesa
capazes de proteger o indivíduo da covid-19.
Em qual fase de testes a vacina está?
Está na fase três. Os pesquisadores já fizeram a
fase pré-clínica, em modelos animais que se assemelham ao humano. Ela foi
testada em ratos, furões e macacos e se mostrou segura. Depois, começou a fase
clínica, que é divida em três etapas. Na fase um, testou-se o produto em
adultos saudáveis, para demonstrar segurança em humanos. Na dois, analisou-se a
imunogenicidade, para ver se a vacina realmente gera resposta imune no
organismo, se o corpo produz anticorpo para aquele vírus. Até, por fim, chegar
à fase três, para testar a eficácia do produto, se ele realmente protege e
imuniza.
O Brasil, que ainda tem uma curva epidemiológica
ascendente, entrou na lista de países que testarão a vacina em primeira mão, em
5 mil voluntários. Os testes no país começaram nesta semana.
Por que os testes estão sendo feitos no Brasil?
A curva epidemiológica ainda é ascendente no país,
fazendo com que os resultados possivelmente sejam mais assertivos. Na fase
três, os participantes são divididos em dois grupos: metade toma a vacina e
metade recebe um placebo ou uma outra vacina que não protege contra o patógeno
estudado.
Ninguém sabe quem tomou o que, nem os cientistas
nem os voluntários. É um teste chamado duplo-cego. Ele é randomizado, ou seja,
os grupos são sorteados e equilibrados, para acertar detalhes que podem
influenciar no resultado, como a idade dos participantes.
Essas pessoas, então, vão para as suas casas e
seguem o dia a dia. Elas são expostas ao coronavírus no ambiente, assim como o
resto da população, e são acompanhados durante um tempo. No caso da vacina de
Oxford, esse monitoramento é previsto por um ano.
Mas não é só o Brasil que vai entrar na fase três.
Além do Reino Unido, ela também será testada em dois países na África, um país
na Ásia e os EUA, onde serão recrutados 30 mil voluntários.
Quando a vacina estará pronta?
Se a eficácia for de, no mínimo, 70%, mesmo com os
testes ainda em andamento, eles farão parte de um pacote do registro da vacina
que será feito no fim do ano. A ideia de Oxford é montar um dossiê de registros
para essa vacina, para ser apresentada às autoridades regulatórias do Reino
Unido até dezembro. Eles conseguiriam o primeiro registro a nível mundial dessa
vacina e começariam a vacinar lá, em caráter emergencial.
Os outros países, como o Brasil, também entrariam
com os registros em caráter emergencial e, se tiverem comprado a vacina,
começariam a vacinar. Aqui, a produção será feita na Fiocruz (Fundação Oswaldo
Cruz), que irá receber toda a tecnologia e os insumos.
Enquanto isso, os estudos continuam. O registro
formal só pode ser feito com a finalização dos testes, por isso todos serão
finalizados. Mas para parar a pandemia, será feita a aprovação regulatória de
caráter emergencial antes.
Há efeito colateral? Sim. Até o momento os
cientistas tiveram em 10% dos voluntários os efeitos normais esperados em geral
entre as vacinas. Uma reação local normal, com vermelhidão e/ou dor, e a reação
sistêmica, como se fosse uma gripe, ou seja, um pouco de febre.
Quem receberá a vacina primeiro?
Pessoas com comorbidades, idosos, profissionais de
saúde e da segurança pública receberiam primeiro a vacina contra o novo
coronavírus, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo
Correia de Medeiros. “Tendo a eficácia comprovada e garantida da vacina, assim
como a segurança, iremos priorizar a população mais vulnerável a essa doença”,
disse em coletiva à imprensa neste sábado (27).
De acordo com ele, se o produto se mostrar eficaz,
assim que as primeiras 30 milhões de doses chegarem ao Brasil, a distribuição
das vacinas será “muito rápida”. “Esse país tem uma larga experiencia em
vacinação. Nós temos o SUS (Sistema Único de Saúde). A distribuição é questão
de semanas”.
UOL
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