Os partidos PT, PSOL e Rede Sustentabilidade ingressaram na
noite de ontem (18) com uma representação por quebra de decoro parlamentar
contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Conselho de Ética do
Senado. As legendas pedem a cassação do mandato do senador.
O filho 01 do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se tornou peça
central em outra apuração da Polícia Federal, que vai investigar o relato do
empresário Paulo Marinho à colunista da Folha de S.Paulo
Mônica Bergamo sobre suposto vazamento de uma operação da PF. O Ministério
Público Federal também instaurou um procedimento para analisar o caso.
O empresário disse que, segundo ouviu do próprio filho do presidente, um
delegado da PF antecipou a Flávio em outubro de 2018 que a Operação Furna da
Onça, então sigilosa, seria realizada.
Além de apurar o vazamento, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da
República), a PF vai ouvir o depoimento de Marinho em inquérito já aberto para
investigar, com base em acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, se o
presidente Bolsonaro tentou interferir indevidamente na corporação.
Na representação, os partidos pedem que o senador seja afastado do cargo
de secretário da Mesa do Senado enquanto durar o processo no Conselho de Ética.
O colegiado é presidido pelo senador Jayme Campos (DEM-MT), e ainda não se
pronunciou sobre o pedido.
Procurado, Flávio Bolsonaro não se manifestou.
"Estão cada vez mais evidentes as ações no atual momento em que a
família Bolsonaro visa intervir para obstruir o trabalho dos órgãos do sistema
de Justiça, em investigações que estejam em curso no estado do Rio de Janeiro
ou outros que possam afetar interesses seu, de sua família ou de aliados",
afirmam os partidos.
Na representação, as legendas pedem que a denúncia seja aditada a uma
outra, já protocolada pelas mesmas siglas no dia 19 de fevereiro deste ano, por
quebra de decoro parlamentar.
A representação inicial segue aguardando análise da advocacia-geral do
Senado.
"[Os partidos] Esperam, ainda, que seja dado andamento ao pedido
nesse Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, considerando que já se passaram
praticamente 90 (noventa) dias do ajuizamento e a sociedade brasileira requer
uma resposta dessa Casa legislativa, que seja condizente com a investigação
acerca das condutas narradas."
Prestes a ser acionado pela oposição em relação ao caso Flávio, o
Conselho de Ética do Senado está com as atividades paradas desde setembro de
2017, quando analisou uma denúncia por quebra de decoro parlamentar contra o
então senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Na atual legislatura, o conselho só se reuniu no dia 25 de setembro do
ano passado, quando foi feita a posse do colegiado.
Dos 15 cargos de suplentes, o único que não foi preenchido é do Republicanos,
partido de Flávio.
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