Ofensas e intimidações a jornalistas que cobrem o Palácio da Alvorada,
residência oficial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), são um claro
ataque à liberdade de imprensa e à democracia, afirmou nesta quarta-feira (27)
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Veículos de comunicação como a
Folha de S.Paulo, o UOL e o Grupo Globo suspenderam temporariamente a cobertura
no local na terça (26) até que o governo federal ofereça segurança aos profissionais
de imprensa.
Para Maia, os ataques passam uma
sinalização ruim à sociedade.
"Episódios como esse que
tiram a Folha e o sistema Globo da porta do Alvorada, quando o presidente fala
para os brasileiros através dos meios de comunicação, é claro um ataque à
imprensa, à liberdade de imprensa, à nossa democracia, e, mais do que isso, dá
uma sinalização errada e que prejudica os brasileiros e o próprio
governo", diz.
Os ataques e constrangimentos,
segundo Maia, limitam o acesso a informação ao público.
"Acho que o episódio é muito
ruim, uma sinalização péssima", afirma. "Um governo que queira
recuperar a sua capacidade de investimento vai precisar que as instituições
democráticas sejam plenas. Para que isso ocorra a gente precisa muito que a
gente tenha uma imprensa livre."
Maia diz ainda esperar que o
governo consiga reorganizar o relacionamento do presidente na porta do Alvorada
"para que a imprensa possa voltar a trabalhar com segurança e
responsabilidade."
Jornalistas são hostilizados
diariamente por apoiadores de Bolsonaro na porta do Alvorada, mas a situação se
agravou na segunda (25).
Com a decisão de suspender a
cobertura temporariamente, a cobertura tem sido feita a distância, por
transmissões realizadas pela internet pela equipe de Bolsonaro e por apoiadores.
Além da CNN Brasil, nesta quarta,
Record TV, SBT, Jovem Pan e Poder 360 enviaram repórteres ou produtores para o
local. Eles foram hostilizados.
Nesta quarta, a repórter Julliana
Lopes, da CNN Brasil, foi interrompida por um apoiador do presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) durante uma entrada ao vivo em frente ao Palácio da
Alvorada.
A jornalista falava sobre decisão
do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de
determinar o depoimento do ministro Abraham Weintraub (Educação).
Weintraub tem prazo de cinco dias
para ser ouvido pela Polícia Federal sobre o fato de reafirmado em reunião
ministerial de 22 de abril que botaria todos na prisão, "começando pelo
STF".
"Abraham Weintraub tem
razão!", gritou um homem que estava no bolsão reservado a apoiadores do
presidente. Este espaço é separado da área destinada à imprensa por apenas uma
grade.
De acordo com relatos feitos à
reportagem, antes de interromper a entrada da repórter da CNN Brasil, o
apoiador foi até a grade de contenção afirmando que a imprensa mentia ao dizer
que jornalistas estavam inseguros no local.
Depois que o homem interrompeu
Julliana, agentes da Secom (Secretaria de Comunicação) e do GSI foram conversar
com ele. Após a saída do presidente, os apoiadores passaram a xingar os
profissionais de imprensa e foram abordados pelo pessoal do Gabinete de
Segurança Institucional.
No dia anterior, ao perceber a
ausência de jornalistas, Bolsonaro disse na porta do Alvorada que os
jornalistas estão se vitimizando.
"A Folha não está mais aqui,
não? O Globo não está? Estadão também não", disse Bolsonaro em transmissão
em sua página oficial no Facebook, arrancando risos de seus militantes. O
jornal O Estado de S. Paulo também não compareceu nesta terça-feira.
Em seguida, ao ouvir explicação
de um jornalista sobre a decisão de alguns veículos de não estar ali por
questão de segurança, Bolsonaro atacou esses grupos de mídia. "Estão se
vitimizando. Quando eu levei a facada, eles não falaram nada. Não vi a Folha
falando quem matou o Bolsonaro", disse o presidente.
FOLHAPRESS
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