O número de infectados e mortos pela Covid-19 no Brasil se tornou motivo
de preocupação. Diante da expansão dos casos registrados da doença em todo o
país, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, que ocupa interinamente
o posto de coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus no estado de
São Paulo, afirmou que o Brasil pode se tornar um novo epicentro mundial da
pandemia.
"Em número de casos o Brasil
é o oitavo país do mundo, em números de mortes é o sexto país do mundo. Nós
ultrapassamos, em termos de mortes, países como a Bélgica, Alemanha, Holanda,
Canadá e a China. Isso mesmo considerando que nós estamos ainda numa fase
inicial da evolução da epidemia", disse Covas nesta terça-feira (12), citado
pela Reuters.
O médico clínico, presidente do
grupo Zalika Farmacêutica, ex-presidente do Laboratório Biocad Brazil e
ex-secretário municipal de Saúde de Carapicuíba (SP), David Zylbergeld, também
ressalta a velocidade com que a doença tem atingido a população.
"Não conhecemos nada sobre a
evolução dessa pandemia. Não sabemos nada sobre esse vírus. Está tudo muito
obscuro para nós. Agora nós sabemos da velocidade com que esse vírus age e a
letalidade do seu ataque ao Brasil", disse David Zylbergeld à Sputnik
Brasil.
O especialista destacou que pelo
menos 80% dos infectados não apresentam sintomas importantes ou nenhum, por
isso infectam outras pessoas.
"O grande problema são os
portadores sãos. A pessoa não tem sinais nem sintomas importantes, está tocando
a vida, não sabe que tem o vírus e é um agente que infecta terrivelmente as
pessoas", alertou.
Zylbergeld ainda ressaltou que
alguns fatores estão contribuindo para o crescimento de casos de infecção no
país. Entre eles, a falta de planejamento.
"O Brasil está falhando
muito. Não temos um planejamento estratégico e centralizado para combater o
crescente aumento de doentes acometidos por essa doença", disse o
entrevistado.
A forma como a testagem de casos
está sendo feita também preocupa os especialistas. Mesmo com testes rápidos
oferecidos em farmácias, boa parte da população não está tendo acesso aos
mesmos. Ele ainda ressalta que o isolamento social precisa de uma estratégia
eficiente para conter o avanço do contágio, assim como para uma possível
flexibilização da quarentena.
Além desses fatores, Zylbergeld
apontou para o sucateamento da saúde pública no Brasil e a baixa capacidade do
atendimento ao público.
"Não estamos preparados para
dar atendimento à essas pessoas. É a questão do sucateamento da saúde pública
no Brasil, que há muitos anos está relegada a um plano inferior [...] Está
praticamente esgotado o número de leitos hospitalares, o número de leitos em
UTIs. Tanto que hospitais de campanha foram criados", ponderou o médico.
A falta de coordenação entre os
estados e municípios gera preocupação. Com cada ente federativo adotando uma
estratégia própria no combate ao coronavírus, torna-se inviável manter um
planejamento adequado.
"Isso não deveria ser bem
assim. Cada município pode e deve fazer as suas atuações, mas deveríamos ter
uma liderança nacional, que não temos, para que protocolos internacionais
viessem a ser trazidos para o Brasil", concluiu.
Com informações do Sputnik Brasil
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