Em um gesto de
pressão para forçar a retomada da atividade econômica, o presidente Jair
Bolsonaro levou um grupo de empresários ao STF (Supremo Tribunal Federal) para
relatar ao chefe da Corte, ministro Dias Toffoli, os impactos que o isolamento
social tem gerado na iniciativa privada.
Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Toffoli, por sua vez,
cobrou coordenação do governo federal com os outros poderes e os entes da
federação e disse que é necessário fazer um planejamento para a volta do
funcionamento das indústrias.
Na reunião desta
quinta-feira (7), que não estava na agenda, o chefe do Executivo voltou a
afirmar que os efeitos da restrição de circulação não podem ser maiores do que
os problemas causados pela doença em si. Já o ministro da Economia, Paulo
Guedes, ressaltou que o Brasil pode enfrentar a mesma situação de países
vizinhos se não mudar de estratégia no enfrentamento à doença.
Guedes disse que tem
mantido conversas com diversos setores da indústria e que, nesta quinta-feira,
os empresários fizeram um apelo.
"Eles vinham
dizendo que estavam conseguindo preservar os sinais vitais, e agora o sinal que
passaram é de que está difícil, a economia está começando a colapsar. E aí não
queremos correr o risco de virar uma Venezuela, não queremos correr o risco de
virar sequer uma Argentina, que entrou em desorganização, inflação subindo,
todo esse pesadelo de volta", disse.
Bolsonaro afirmou que
o grupo de empresários representa mais de 40% do PIB e 30 milhões de empregos.
Segundo o presidente, todos podem ser "esmagados" pela crise
econômica caso não haja a retomada da atividade industrial.
"Os empresário
trouxeram pessoalmente essas aflições, a questão do desemprego, a questão de a
economia não mais funcionar. As consequências, o efeito colateral do combate ao
vírus, não podem ser mais danosas que a própria doença. E os empresário querem
que o STF também ouça deles o que está acontecendo", disse.
O ministro Dias
Toffoli cobrou, mais de uma vez, uma maior coordenação do governo federal com
os outros poderes e os demais entes da federação. Além disso, afirmou que é
necessário fazer um planejamento para organizar a retomada da volta da
economia.
"Essa
coordenação, que eu penso que o Executivo, o presidente da República, junto com
seus ministros, chamando os outros poderes, chamando os estados, representantes
de municípios, penso que é fundamental. Talvez um comitê de crise para,
envolvendo a federação e os poderes, exatamente junto com o empresariado e
trabalhadores, a necessidade que temos de traduzir em realidade esse anseio,
que é o anseio de trabalhar, produzir, manter a sociedade estruturada",
disse.
O coordenador da
Coalizão Indústria, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou que a situação da
indústria exige medidas urgentes.
"Na nossa visão,
essa flexibilização já poderia ter ocorrido, evidentemente com todo o
regramento necessário, de forma que a gente conseguisse voltar a ter atividade.
A nossa grande preocupação é que a crise da Covid ocasione uma crise social por
conta da questão do desemprego, e essa é uma crise que a gente reputa
extremamente importante e precisa ser enfrentada", afirmou.
O representante do
setor de brinquedos, Synésio Batista, também disse que a situação é
preocupante. "Eu só acrescentaria um detalhe, que é o sentido de urgência.
Eu diria que a indústria está na UTI e ela precisa sair da UTI, por que se não
as consequências serão gravíssimas", disse Lopes.
FOLHAPRESS
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