Durante os ataques de setembro de
2019, a facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) cogitou assassinar
autoridades e agentes públicos como forma de retaliação ao endurecimento de
procedimentos ocorridos nos presídios cearenses com a chegada do secretário
Mauro Albuquerque. E era justamente o titular da Secretaria de Administração
Penitenciária (SAP) o principal alvo das ameaças captadas pela Polícia Federal
(PF).
Uma tabela com preços
que cada um dos assassinatos chegou a ser feita; o assassinato de Albuquerque
valeria R$ 500 mil. No entanto, era a morte do governador Camilo Santana (PT)
que correspondia a maior recompensa, conforme trechos do inquérito da operação
Reino de Aragão, deflagrada em dezembro último pela PF, ao qual O POVO teve
acesso. Era prometido a quem matasse Camilo Santana R$ 1 milhão.
As investigações da PF
tiveram acesso ao celular de um dos principais chefes da GDE, Ednal Braz da
Silva, o Siciliano, e, consequentemente, a mensagens trocadas entre integrantes
da facção. Um dos principais assuntos debatidos é o estado do sistema prisional
após a chegada de Mauro Albuquerque. A PF captou um "salve", espécie
de memorando das facções que circulam nas redes sociais, em que chefes da GDE
dizem que o sistema prisional vivia um "retrocesso". "Como que
um Governador eleito democraticamente pode permitir que um secretário mande e
desmande dentro do seu estado de maneira tão irresponsável? (sic)", diz
trecho do texto. "MANO tem que coloca pânico nese mauro (Albuquerque)...
Coloca uma recompensa... 30 mil o crime paga... Só pra dexa ele
doido… (sic)", diz outro, em 19 de setembro. "... "Então ofereça
logo a recompensa de 150.000 pela cabeça desse cara safado Eu
mesmo dava 20mil do meu bolso… (sic)", fala, por sua vez um terceiro, em
um grupo, em 23 de setembro.
Já em 11 de setembro, um
membro da facção diz estar "na fita" para matar o secretário.
"Tem que pegar uma rotina dele e se for necessário sacrificar 40, 50 ou 60
pessoas, vai tudo pro saco (sic)". "Mno, acho que essa situação agora
nós só vamos ter êxito se nós conseguir esse secretário pedir clemência ou
cair, enquanto esse cara estiver de pé nada vai mudar viu (sic)", em 24 de setembro.
A ação mais contundente,
porém, é registrada em 24 de setembro, em pleno auge dos 141 ataques
orquestrados pela GDE que paralisaram o Estado naquele mês. Nessa data, em um
grupo chamado "Planejamento", é postado mais um salve, desta vez
prometendo recompensas por assassinatos. A cada categoria visada é prometido um
valor, a partir de R$ 3 mil. As ameaças iam de "cabuetas" que
trabalham com o "Governo e vereadores" ao governador Camilo Santana,
passando por policiais, promotores e juízes. O secretário André Costa e
o deputado estadual Vitor Valim (Pros) também são ameaçados
— R$ 100 mil e R$ 300 mil, respectivamente, são ofertados pelas
suas mortes. O assassinato de Mauro Albuquerque valeria R$ 500 mil.
Outro "salve"
também faz ameaças a integrantes do PT, partido do governador Camilo Santana. A
motivação seria o "apoio à o a tortura dentro do sistema (sic)".
"Aonde foi identificado o membro do PT vai ser executado no automático
(sic)", diz a mensagem.
Por: O Povo Online
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