Lavar as mãos, cobrir nariz e boca ao tossir e espirrar são medidas simples que ajudam a evitar a propagação do novo coronavírus
Lavar as mãos com frequência é uma das principais medidas de prevenção
Lavar as
mãos e cobrir nariz e boca ao tossir e espirrar são medidas que ajudam a evitar
a propagação do novo coronavírus, que teve seu segundo caso confirmado no país
neste sábado (29).
Infectologistas
recomendam ainda que a população não entre em pânico e que, em caso de doenças
respiratórias, só busque atendimento médico se sintomas como febre, tosse e
coriza persistirem.
"Não
tem evidência de que tenha transmissão no Brasil de uma pessoa para a outra.
Neste momento, é importante reforçar a necessidade de higienização das mãos,
porque o vírus é transmitido pelo contato. O indivíduo que está tossindo ou
espirrando vai contaminar superfícies ao usar o teclado, mouse, torneira. Todas
as superfícies ficam contaminadas. O álcool ou a lavagem das mãos eliminam o vírus.
As pessoas devem higienizar as mãos não só para se proteger do coronavírus, mas
de outras infecções virais", explica Francisco Ivanildo Oliveira Júnior,
gerente do Controle de Infecção Hospitalar do Sabará Hospital Infantil, que
também é supervisor do ambulatório do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Oliveira
Júnior diz que a avaliação dos casos confirmados e artigos científicos
apontaram que, para a maioria dos pacientes, a doença não vai evoluir para
quadros graves.
"Cerca
de 80% dos casos têm formas leves. São pessoas que podem ser tratadas sem
necessidade de internação, como aconteceu com esse caso do primeiro paciente
brasileiro. Esse caso consegue mostrar para a população dessa faceta da doença.
A grande maioria das pessoas se recupera e tem quadros leves, que podem ser
tratados em casa com o afastamento social para reduzir a possibilidade de
contato com pessoas do trabalho e em situações sociais."
O
restante corresponde a ocorrências graves, das quais 6% se referem aos casos
muito graves - quando o paciente precisa ser internado na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI).
Ele diz
que, embora esse seja um aspecto positivo da doença, tendo em vista que esses
pacientes não evoluem para formas graves, essa característica facilita a
propagação da doença.
"O
lado ruim é que as pessoas que são pouco sintomáticas, normalmente, não ficam
em casa, elas circulam e são as pessoas que têm o maior risco de transmitir a
doença e causar surtos familiares, que têm sido muito descritos na China, ou
vão para o trabalho, fazem compras. Além disso, tem uma porcentagem que ainda
não sabemos quanto é, de pacientes que não manifestam nenhum sintoma, mas podem
transmitir a doença."
O
infectologista diz ainda que pessoas que viajaram para os países que estão na
lista de vigilância do Ministério da Saúde, mesmo que não apresentem sintomas,
poderiam tentar reduzir eventos sociais após retornar ao Brasil. A lista
engloba Austrália, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas,
Itália, Japão, Malásia, Vietnã, Cingapura, Tailândia, Alemanha, França, Irã e
Emirados Árabes.
"Se
a pessoa chegou da Itália ou de outras regiões, é importante que ela faça uma
auto quarentena, que diminua a possibilidade de contatos sociais. Quem tem de
usar a máscara? Quando a gente vê a população usando a máscara, como ocorre na
cultura asiática, a maioria é de pessoas com sintomas respiratórios e que
utilizam para reduzir a possibilidade de contágio. Quem tem de usar a máscara é
a pessoa que está com sintomas e elimina o vírus. As pessoas devem se manter
afastadas pelo menos um metro de quem está tossindo ou espirrando, que é a
distância que as gotículas podem atingir."
Os dois
pacientes brasileiros que tiveram o resultado positivo para a doença, cuja
identidades não foram reveladas, tem histórico de viagem pela Itália.
Veja o
que já se sabe sobre a doença
Coordenador
do centro de infectologia do Hospital Sírio-Libanês e reitor da Faculdade de
Medicina do ABC, o infectologista David Uip diz que as pessoas que apresentam
sintomas leves de doenças respiratórias devem evitar sobrecarregar os
hospitais.
"Se
todo mundo que tossir ou espirrar for ao hospital, a gente vai ter um problema
que não é possível de dar conta nem no Brasil nem no mundo. Quem estiver com
sintomas leves, deve ficar em casa. Ao tossir ou espirrar, deve cobrir a boca e
o nariz, de preferência, com lenço descartável. E devem intensificar a lavagem
das mãos. As pessoas têm de ter cuidado, mas sem exagero, porque esse tipo de
situação já ocorreu muitas vezes."
Uip
também explicou quando, com base nos sintomas, as pessoas devem buscar auxílio
médico. "Se tiver uma febre que perdura, que não some em 24 ou 48 horas ou
desaparece e reaparece, e desconforto respiratório."
A
infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, destaca que é
importante que as instituições tenham um diálogo franco com a população e
reforça que os hospitais devem receber os casos graves.
"É
preciso ter seriedade na comunicação com a população. Tem de explicar o que é a
doença, quais são os sinais de alerta, quando se deve ficar em casa. É preciso
ter planos de contingência para estabelecer quanto tempo uma pessoa contaminada
não deve ir trabalhar ou ir para a escola. Tudo tem de ficar claro desde o
início. Evitar que a epidemia tome um vulto grande ou que a situação fique
caótica depende muito de as pessoas entenderem: se estou doente e não preciso
do hospital, não vou a lugares públicos para mitigar a epidemia e vamos reservar
os hospitais para quem precisa."
De
acordo com o Ministério da Saúde, medidas podem ser incorporadas no dia a dia
para reduzir o risco de contaminação e transmissão do vírus.
Como
evitar a doença
- Lavar
as mãos frequentemente com água e sabonete por, pelo menos, 20 segundos. Se não
houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool
- Evitar
tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas
- Evitar
contato próximo com pessoas doentes
- Ficar
em casa quando estiver doente
- Cobrir
boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo
- Limpar
e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência
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