Com o início da quadra
chuvosa no Ceará retoma-se o alerta para a prevenção de acidentes. Isso porque,
em 2019, seis pessoas perderam a vida no estado em decorrência das
precipitações, sendo uma tentando fazer uma travessia e cinco arrastadas por
correntezas.
As atenções se voltam, principalmente, para as
condições estruturais de cerca de 154 barragens de médio e grande porte, uma
vez que, até o fim do ano passado, o Ceará apresentava nove delas com alto
risco de rompimento, conforme relatório da Agência Nacional das Águas (ANA).
O monitoramento institucional realizado por órgãos
como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e a Secretaria de
Recursos Hídricos (SRH) são suficientes para garantir reparos emergenciais e
prevenir possíveis tragédias, na avaliação do professor do Departamento de
Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Francisco de Assis de Souza Filho.
Desafios
Segundo Assis, a maior preocupação é pela a de
controle de aproximadamente 30 mil barragens de pequeno porte, geralmente de
propriedade particular, mas que podem oferecer risco em caso de grandes chuvas.
"Elas estão localizadas em regiões mais altas.
Quando se tem uma chuva mais intensa, se essa barragem arromba, pode gerar um
efeito cascata. Muitas não tiveram um acompanhamento de engenharia muito forte,
foram feitas nas fazendas e com isso pode gerar algum tipo de dano",
comenta.
O maior desafio, na avaliação do professor, é
identificar todos esses reservatórios. "Muitas não foram registradas. Hoje
a Funceme [Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos] desenvolve
junto à SRH [Secretaria de Recursos Hídricos] um inventário dessas barragens,
para saber onde estão, quem são os proprietários, e a partir daí aprimorar não só
o cadastro, mas notificar os donos e falar das responsabilidades deles em
função da lei de segurança das barragens", explica.
Rompimento de barragem
No início deste mês, a parede auxiliar da barragem
de Granjeiro, no município de Ubajara, norte do Ceará, não suportou a pressão
ocasionada pelas chuvas e cedeu. O reservatório estava embargado pela ANA desde
o ano passado, quando foi determinado ao empreendedor responsável que a
mantivesse aberta durante o período de chuvas.
Em nota, o órgão disse que continua monitorando o
reservatório, constatando que o empreendedor vem realizando intervenções sem
projeto adequado e sem o devido acompanhamento. A barragem, conforme a ANA,
também não possui monitoramento hidrológico, planos de segurança e de ação de emergência,
outorga ou licença para operação.
“Ações foram tomadas pela ANA visando à segurança
das pessoas e dos bens nas áreas abaixo do barramento, que incluíram a
realização de obras civis. A ANA, como fiscalizadora da segurança da barragem
Granjeiro, vem atuando dentro de suas competências técnicas, adotando ações
administrativas e acionando o Poder Judiciário”, disse a entidade.
Previsão de chuva
A Funceme prevê, para este ano, 45% de chances de
chuvas acima da média histórica, o melhor prognóstico dos últimos nove anos no
Ceará. Isso quer dizer que o acumulado pode ultrapassar os 587,1 milímetros no
quadrimestre de fevereiro a maio.
Fonte: G1 CE
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