O vice-prefeito de Granjeiro, Ticiano Tomé (PSDB), deve assumir a
Prefeitura do município após o assassinato a tiros do prefeito da
cidade, João Gregório Neto, conhecido como João do Povo, na
manhã desta terça-feira (24). Apesar de integrarem a mesma chapa vencedora das
eleições municipais de 2016, os dois haviam rompido há pouco mais de oito
meses, quando o grupo político de Ticiano Tomé fez denúncias contra prefeito.
João do
Povo foi morto a tiros enquanto caminhava próximo à parede do Açude Junco. Ele
foi atingido pelas costas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e
Defesa Social (SSPDS), agentes de segurança dos municípios de Cariús, Cedro,
Iguatu, Juazeiro do Norte e Várzea Alegre auxiliam nas Investigações. O governador do Ceará determinou
rigor nas investigações.
O velório
de João do Povo está previsto para começar na noite desta terça-feira. O
sepultamento será na quarta-feira (25), no município vizinho, Várzea Alegre.
'Lamentável', diz
vice-prefeito
Por telefone, o vice-prefeito de Granjeiro disse estar
"consternado" com a morte de João do Povo. Em Fortaleza, onde passa o
Natal com familiares, Ticiano Tomé aguarda os trâmites legais para assumir a
gestão e decretar luto oficial.
"É um
fato que cabe à Justiça apurar, buscar as provas e averiguar o fato ocorrido.
Não é normal. É lamentável. Todos nós estamos consternados, muito tristes com o
acontecido. A política é feita de aliados e adversários políticos, mas isso não
cabe na política", disse Ticiano.
Segundo
Ticiano, ele retornará na quarta-feira (25) à cidade, mas não sabe se chegará a
tempo para o velório já que depende dos horários de ônibus disponíveis na rota
para Granjeiro.
Prefeito João do Povo foi assassinado na manhã desta terça-feira (24). Nenhum suspeito do crime foi preso.
Acusações
Vice-prefeito de Granjeiro, Ticiano Tomé — Foto: Divulgação/Prefeitura de Granjeiro |
O grupo ao qual pertence Ticiano Tomé é liderado por Vicente Félix
de Souza (conhecido como "Vicente Tomé"), pai do vice-prefeito e que
já comandou a Prefeitura de Granjeiro por três vezes. Após João do Povo ser
alvo de ação da Polícia Federal, os dois denunciaram suposto esquema envolvendo
os vereadores do Município para abafar as investigações.
Segundo
eles, os parlamentares estariam ajudando a encobrir as acusações da Operação
Bricolagem, da Polícia Federal, na qual João do Povo foi investigado a pouco
mais de um ano atrás. Além disso, tanto Vicente como Ticiano Tomé acusaram João
de desviar verbas do município.
João do
Povo era suspeito de movimentar cerca de R$ 26 milhões na conta de um parente
beneficiário de aposentadoria rural, num período de dois anos, segundo as
investigações da Operação Bricolagem, relativas a fraudes em licitações para
construção de escolas. O valor dos contratos fraudados somava cerca de R$ 5
milhões. Um dos mandados foi cumprido em sua casa, onde foram encontrados R$
213 mil em espécie, guardados em caixas de sapato.
O valor
movimentado na conta do parente foi quase R$ 10 milhões a mais que o orçamento
de todo o município de Granjeiro, cidade com 4,5 mil habitantes. Em 2017, o
orçamento municipal anual foi de R$ 17 milhões, conforme a Prefeitura Municipal
de Granjeiro.
Na época,
o advogado do prefeito, Igor Rodrigues Lucena, informou que o "prefeito
garantiu que não teria como ter mexido irregularmente em R$ 26 milhões do
Município, pois a arrecadação anual é de R$ 13 milhões e ele assumiu a
Prefeitura em 2017".
Em nota
divulgada na tarde desta terça-feira (24), o advogado Igor Cesar Rodrigues
afirmou que o prefeito era “vítima de perseguições políticas” e de “falsas
acusações de fraude, que vinham sendo alvo de investigações, sem oferecimento
de qualquer denúncia até então”.
O advogado
pede que as autoridades “possam apresentar com celeridade resposta justa e
eficaz na solução do caso”, com a punição dos suspeito “que ignorou qualquer
sentimento natalino”.
A defesa
informou ainda que o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), em Recife,
negou a prisão e o afastamento do prefeito em duas ocasiões, apesar dos
requerimentos da delegada federal que conduz as investigações.
FONTE: G1
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