Houve um tempo em
que se ouvir falar em crimes de pistolagem, em Saboeiro, era só história que as
novas gerações escutavam dos mais velhos, nas rodas de conversas nas calçadas a
noite, quando não havia a internet e redes sociais para distrair as pessoas. As
história reais pareciam ficção de cinema nos relatos das testemunhas de um
passado sangrento da terra que fiou conhecida como “Terra do Galo”, de
“coronéis” e “caciques” que resolviam tudo na base do crime “encomendado” e
homens valentes que resolviam as coisas sozinhos, na base da “peixeira”.
Um passado que agora virou
presente, revestido de motivações nada cinematográficas. Os crimes que antes
aconteciam motivados por traições amorosas, desafetos políticos, hoje acontecem
em conseqüência do tráfico, onde a juventude refém de vícios e falta de
disciplina, mergulha cada vez mais fundo num caminho sem volta, atraindo
desgraça para si, para a sua família e população em geral.
Já ouvi histórias de arrepiar de
Saboeiro, mas nunca revestido de tanta banalidade quanto as de agora, na
pequena e velha cidade do sertão dos Inhamuns, esculpida com o suor, as
lágrimas e o sangue de inocentes e culpados.
A cidade que parece estacionada
no tempo, único acesso de entrada e saída, população acomodada em meio à
escravidão da politicagem partidária e alienante que reina absoluta, violência,
precariedade nos serviços públicos e no comércio, em nada lembra que um dia já
foi berço de idéias republicanos, de um povo aguerrido que lutava pelo
progresso e sonhava com dias melhores.
Em menos de um mês já foram três
assassinatos e diversos assaltos, depois de alguns meses de um pouco de
sossego. O hábito de se sentar nas calçadas e manter a porta aberta não existe
mais. A expressão no rosto das pessoas é de medo, não se ouve um grito pedindo
paz... o medo é maior.
As autoridades municipais também
estão de olhos e boca bem fechados, distraídos sabe-se lá com que, que não
busca junto à mídia e autoridades do Estado, chamar atenção para a dura
realidade de Saboeiro. Como Pilatos, lavam as mãos, enquanto os “Barrabás”
comemoram o caminho livre para o crime e a impunidade.
A Falta de Promotor e Juiz
titulares atrasam as soluções na Justiça e alimenta a impunidade. A saída do
Sargento Almeida do comando do policiamento militar na cidade, o único que a
bandidagem temia, abriu as portas de vez para o clima de terror instalado na
cidade.
E agora? Quem poderá defender a
população de bem de Saboeiro? Onde tudo isso vai parar? Aonde essa onda de
violência, atraso, cenário político decadente vai levar esse povo que em
silêncio, sofre e chora a perca de seus filhos, esposos, pais e amigos? Os
moradores, pediram para não ser identificados temendo represálias.
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