Os recursos movidos pela defesa no ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) começam a andar no Supremo Tribunal Federal, apenas um dia
depois de The Intercept
Brasil revelar as conversas entre o então juiz Sergio Moro e integrantes da
força tarefa da Operação Lava Jato. Nesta segunda-feira
(10), o ministro Gilmar Mendes liberou para o julgamento da Segunda Turma da
mais alta corte do país o pedido de habeas corpus feito pela defesa de Lula. O
pedido foi incluído na pauta do Supremo desta terça-feira, 11 de junho. Até
agora, dois ministros votaram contra a concessão da liberdade.
O pedido questiona a atuação de Felix Fischer, relator da
Operação Lava Jato no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao decidir sozinho
sobre um pedido da defesa do petista, que depois teve sua condenação confirmada
e reduzida pela corte. O processo no Supremo começou a ser julgado no plenário
virtual, mas Gilmar pediu julgamento no plenário presencial.
Além disso, Gilmar também vai liberar para a votação,
possivelmente no dia 25 de junho, o pedido de suspeição de Sérgio Moro feito
pela defesa de Lula, segundo publicou o jornal O Globo. O petista
entrou com esse recurso ainda no ano passado, depois que o então juiz Moro foi
indicado por Jair Bolsonaro para ser seu ministro da Justiça. Segundo a defesa,
o então juiz federal, responsável pela condenação do petista em primeira
instância no caso Triplex, teria se beneficiado com a sentença. Confirmada em
segunda instância, resultou na prisão e no afastamento de Lula do processo
eleitoral. E, segundo a defesa, teria aberto caminho para a vitória do
ultraconservador.
A tese de que Moro não foi imparcial ao julgar o
ex-presidente ganhou força na noite deste domingo. Em uma série de reportagens,
o The Intercept Brasil divulgou mensagens do hoje ministro da
Justiça, do procurador Deltan Dallagnol e outros integrantes da força tarefa da
Lava Jato. Nelas, Moro "sugeriu ao procurador que trocasse a ordem de
fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos
estratégicos e pistas informais de investigação, antecipou ao menos uma
decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público e deu broncas em
Dallagnol como se ele fosse um superior hierárquico dos procuradores e da
Polícia Federal", segundo o portal de notícias. Os envolvidos negaram
irregularidades e se disseram vítimas de um vazamento ilegal. Também
minimizaram as mensagens, mas não negaram o conteúdo delas.
Fonte: El País
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