O prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, chamou neste sábado
(4) o presidente Jair Bolsonaro de "valentão" que não aguenta uma
briga e disse que o brasileiro fugiu ao cancelar sua viagem para a cidade
americana.
Bolsonaro iria para
Nova York para ser homenageado no dia 14 de maio com o prêmio de "Pessoa
do Ano" em jantar de gala promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados
Unidos. Na sexta (3), porém, o governo brasileiro anunciou o cancelamento da
viagem e culpou De Blasio por isso.
"Jair Bolsonaro
aprendeu da maneira mais difícil que os nova-iorquinos não fecham os olhos para
a opressão. Nós chamamos atenção para sua intolerância. Ele fugiu. Nenhuma
surpresa –valentões não aguentam um soco. Já vai tarde, Jair Bolsonaro. Seu
ódio não é bem-vindo aqui", escreveu o democrata em uma rede social.
"Os ataques de
Jair Bolsonaro contra dos direitos LGBTQ e seus planos destrutivos para nosso
planeta se refletem em muitos líderes –incluindo diversos em nosso país. TODOS
devem se levantar para denunciar e lutar contra esse ódio desmedido",
completou De Blasio, um conhecido crítico do presidente americano Donald Trump.
O ex-prefeito de São
Paulo e candidato derrotado do PT à Presidência, Fernando Haddad, comentou
também nas redes sociais a declaração do americano e elogiou De Blasio.
"Querido Bill,
orgulhoso de Nova York. Vamos nos livrar da intolerância cuidando das pessoas e
do planeta", afirmou o petista, que também é colunista da Folha de
S.Paulo
Em entrevista a uma
rádio, em abril, De Blasio já tinha afirmado que Bolsonaro não era
bem-vindo à cidade e o chamou de racista, homofóbico e destrutivo.
Por isso, ao anunciar
na sexta o cancelamento da viagem, o gabinete do porta-voz da Presidência
brasileira culpou o democrata pela medida.
"Em face da
resistência e dos ataques deliberados do prefeito de Nova York e da pressão de
grupos de interesses sobre as instituições que organizam, patrocinam e acolhem
em suas instalações o evento anualmente, ficou caracterizada a ideologização da
atividade" disse a assessoria de Bolsonaro.
Desde que, no mês
passado, o Museu de História Natural de Nova York se recusou a receber o
evento, uma série de manifestações pressionavam os patrocinadores a não
vincular seu dinheiro –nem suas marcas– ao evento que, além do presidente,
homenagearia o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
O objetivo dos
protestos era que o jantar fosse cancelado.
Em nota, a câmara
afirmou que foi informada pela Presidência da República que Bolsonaro não
participará do jantar do dia 14 de maio, mas que o evento está confirmado com
os demais homenageados. "Outros eventos paralelos agendados para acontecer
durante a semana serão realizados como planejado."
O jantar se tornou
objeto de controvérsia e criou embaraços com empresas e a elite nova-iorquina.
Após o Museu Americano de História Natural se recusar a sediar o evento,
o hotel New York Marriott Maquis aceitou receber o jantar e passou a ser alvo
de manifestações.
O senador estadual
democrata Brad Hoylman, representante da comunidade gay, enviou carta ao hotel
para pedir que o local também não recebesse o presidente brasileiro.
Segundo ele,
Bolsonaro é "homofóbico perigoso e violento, que não merece uma plataforma
pública de reconhecimento em nossa cidade". O Marriott tem histórico de
apoio à causa LGBT.
Em publicação no
Twitter, o senador afirmou que não é possível a empresas ter dois lados:
"Apoio aos LGBT ou a um notório homofóbico".
A companhia aérea
Delta, a consultoria Bain & Company e o jornal Financial Times, que
patrocinavam a festa, retiraram o apoio no início desta semana. Ao explicar a
decisão, a Bain disse à CNN que "celebrar a diversidade é um princípio
essencial" da empresa.
Nesta sexta, a
reportagem revelou que o Banco do Brasil e o consulado-geral do país em Nova
York ajudaram a financiar a festa. O banco concordou em pagar US$ 12 mil (R$
47,5 mil) para ter uma mesa com dez lugares no jantar de gala anual da
entidade, cujo objetivo é arrecadar fundos para patrocinar interesses de
empresas brasileiras e americanas nos Estados Unidos.
Organizadores dos
eventos de que Bolsonaro participaria em Nova York ficaram surpresos e chocados
com o cancelamento da viagem. Entre os eventos previstos estavam um encontro
com o CEO do Bank of America; um almoço para 115 pessoas; um jantar no
Metropolitan Club para 250 pessoas, com presença do presidente do Banco Safra;
um café da manhã no Harvard Club; uma entrevista para o jornal The Wall Street
Journal e outros.
Entre os que
permaneciam no hall de patrocinadores do evento estavam instituições
financeiras como Merrill Lynch, Credit Suisse, Morgan Stanley, Citigroup, Itaú,
Bradesco e HSBC.
A premiação é
concedida há 49 anos e busca homenagear dois líderes, um brasileiro e um
americano, reconhecidos pela atuação em aproximar e melhorar as relações entre
os dois países no ano anterior.
(Folhapress)
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