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Por agenda positiva, Dilma defendeu corte da gasolina

(Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)
A decisão de reduzir o preço da gasolina e do diesel foi tomada pela presidente Dilma com sua equipe na busca de criar uma agenda positiva para enfrentar a crise política, mas acabou não sendo adotada por causa da reação contrária do conselho de administração da Petrobras.

Segundo a Folha apurou, a medida foi discutida, em Brasília, pela presidente com os ministérios da Fazenda, Minas e Energia, com o Banco Central e a Petrobras.

Nessas reuniões, foi decidido que havia espaço para queda dos preços e que caberia à direção da Petrobras definir como a decisão seria formalizada.

A área econômica defendia desde o ano passado reduzir o preço dos combustíveis, diante da queda do valor do barril de petróleo no mercado internacional. Isso ajudaria no combate à inflação.

Dilma e a direção da Petrobras, contudo, resistiam à medida porque poderia aumentar as dificuldades de caixa enfrentadas pela estatal.

Mas o cenário mudou, na avaliação do do Planalto. A defasagem entre o preço internacional e o do mercado interno aumentou, abrindo espaço para uma redução no valor dos combustíveis para ajudar a melhorar o ambiente político para Dilma. Nas discussões, a Folha apurou que a Petrobras ficou isolada e cedeu, acatando a decisão de aumento.

A Petrobras estava pronta para formatar a fórmula de redução do preço dos combustíveis nesta segunda-feira (04), mas recuou depois que a informação foi antecipada pela imprensa, gerando uma reação contrária do conselho de administração.

Segundo a Folha apurou, houve até ameaça de renúncia de membros do conselho, o que iria gerar um desgaste ao governo neste momento, já que ficaria caracterizado que a medida teria mais cunho político do que técnico.

Com a medida, as ações da estatal caíram cerca de 9% na segunda. Uma parte das perdas foi recuperada nesta terça-feira, com os papéis preferenciais da estatal subindo 3,3%, e os ordinários, 2,3%.

Em resposta a críticas do conselho de administração, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, negou, em carta que a Folha teve acesso, que houve "politização" nas discussões sobre o corte.

Nesta terça-feira (5), a estatal disse, em nota, que não é "verdadeira a informação de que há qualquer tipo de influência externa à companhia para a definição de eventuais ajustes nos preços de seus derivados". A empresa diz que a definição de preços é resultado de uma análise exclusivamente técnica.

Segundo consultorias, o preço da gasolina no Brasil é mais de 20% superior à cotação de referência no mercado internacional. No caso do valor do diesel, essa diferença supera 40%.

Porém, estimativas internas apontam que a Petrobras deixou de receber R$ 100 bilhões de 2011 a 2014, quando subsidiou o preço dos combustíveis –analistas estimam que ela precisa de seis meses com a política atual de preço para recuperar as perdas.

INTERFERÊNCIA

Oficialmente, o governo nega qualquer interferência na discussão e diz que política de preço de combustíveis é de responsabilidade direta da diretoria da Petrobras.

Nesta terça-feira (05), a presidente Dilma repetiu essa explicação ao ser questionada sobre o tema. Ela porém, sinalizou que o tema realmente está sendo debatido ao reforçar que hoje o preço do mercado interno está acima do praticado lá fora. "Há, desde o ano passado, uma discrepância entre o preço praticado no Brasil e no exterior. Se a Petrobras houver por bem fazê-lo, é o caso de fazer", afirmou a presidente.

Fonte: Folha de S. Paulo

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