Foto - Vanessa Madeira |
A gripe H1N1, conhecida alguns anos atrás como "gripe suína" e responsável por uma pandemia mundial em 2009, voltou a preocupar o País. Com o avanço de um surto fora de época no Estado de São Paulo, que já contabiliza 260 casos e 38 óbitos, as demais unidades da federação começam a se colocar em alerta para evitar a disseminação da doença. Outros 10 estados e o Distrito Federal também possuem casos e mortes confirmadas. No Ceará, onde a infecção tem se manifestado de forma controlada nos
últimos anos, foram registrados cinco ocorrências e dois óbitos em 2016, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
Para especialistas, apesar de a situação ser considerada dentro dos padrões, é preciso que população e poder público evitem um novo contágio em massa e tomem medidas de prevenção, a começar pela vacinação, cuja campanha terá início no fim do mês de abril. A doença, que tem sintomas como febre alta e dores musculares intensas, teve 40 registros no Estado no ano passado, sem óbitos. Em 2009, foram 72 casos e três mortes.
Segundo o infectologista Érico Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a força do surto em São Paulo e o comportamento diferenciado do vírus, uma vez que a epidemia na região costuma acontecer nos meses de maio e junho, formam um cenário nacional preocupante. Embora os números da doença no Ceará neste ano e em anos anteriores estejam dentro do esperado, o médico destaca que os serviços de saúde devem estar atentos a possíveis mudanças.
"Os vírus se reciclam, se reorganizam e sofrem mutações de todos os tipos. Com isso, eles podem modificar a maneira de infectar humanos e causar doenças mais graves. É natural que tenhamos anos mais tranquilos e depois surjam surtos. A ideia é que possamos perceber e evitar que esses surtos tenham uma dimensão maior. Mas é sempre preocupante a possibilidade de uma nova pandemia com repercussões maiores do que tivemos em 2009", destaca Arruda.
Segundo o médico, a gripe H1N1 afeta, principalmente, o grupo formado por idosos, crianças, gestantes e pessoas acometidas por doenças crônicas ou causadoras de imunosupressão, como Aids ou câncer. Estas últimas por, terem sistema imunológico comprometido, protagonizam a maior parte dos quadros graves, que podem levar a óbito.
A coordenadora de imunizações da Sesa, Ana Vilma Leite, afirma que a situação no Estado "não é considerada alarmante", mas ressalta que o órgão começa a trabalhar a prevenção por meio da vacinação trivalente e da conscientização sobre cuidados básicos de higiene para evitar doenças respiratórias.
Campanha
A campanha nacional de imunização deve começar no dia 30 de abril. Somente em São Paulo, devido ao surto, postos de saúde estão utilizando vacinas remanescentes da mobilização de 2015 para proteger os grupos de risco de modo antecipado. No entanto, a população terá de ser imunizada novamente quando os lotes de 2016 chegarem às unidades, já que as vacinas do ano passado combatem apenas a gripe H1N1 e não os outros vírus (H3N2 e Influenza B).
Segundo Ana Vilma, o restante dos estados deverá receber as novas vacinas no início de abril. A meta da campanha no Ceará é proteger 2.017.553 pessoas. "Enquanto esperamos o cronograma do Ministério da Saúde, estamos mandando informes técnicos para os municípios e informando sobre a campanha", diz.
"Neste ano, vamos trabalhar com crianças de seis meses a cinco anos de idade, trabalhadores da Saúde, gestantes, puérperas, indígenas, idosos, pessoas com morbidade, população carcerária, profissionais do sistema prisional, e adolescentes e jovens de 12 a 21 anos que estão cumprindo medidas socioeducativas. Somente depois que alcançarmos a meta e se houver interesse da população, liberaremos para o público em geral", acrescenta Ana Vilma.
Por Vanessa Madeira - Repórter
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