A rotina
incluía ensino médio, curso técnico, estágio, cursinho pré-vestibular e, por
vezes, até ter que dormir na casa de amigos quando a aula acabava tarde e o
ônibus partia antes. Ainda assim, a estudante Diana Maria da Silva, 17 anos, de
Tianguá, a 335 km de Fortaleza, conseguiu aprovação em medicina na Universidade
Federal do Ceará (UFC), no campus de Sobral.
Filha de
professora e de pedreiro e vigia noturno, Diana era candidata do Sistema de
Seleção Unificada (Sisu) 2016 pelo sistema de cotas e conseguiu o primeiro
lugar das vagas reservadas para estudantes escolas públicas. “Foi maravilhoso.
Fiquei muito ansiosa nos dias que antecederam o resultado. A felicidade foi
enorme”, descreve.
Até a
aprovação, porém, foi preciso conciliar o ensino médio na escola Professor
Sebastião Vasconcelos Sobrinho com curso técnico em contabilidade em escola de
tempo integral. Durante o terceiro ano, em dois dias por semana, as aulas eram
substituídas por um estágio devido ao curso técnico. Além disso, fazia cursinho
pré-vestibular no turno da noite.
O
principal obstáculo, lembra, foi encaixar o cronograma de estudos na rotina.
“Às vezes ficava difícil separar um tempo para alguma disciplina que tinha
dificuldade ou para fazer revisões”, diz.
O fato de
morar longe da escola e do cursinho também era um empecilho. “Para ir e vir da
escola utilizava um ônibus disponibilizado para a prefeitura. Mas para ir ao
cursinho era mais difícil, pois apesar de haver um ônibus à noite muitas vezes
o cursinho acabava tarde e eu perdia o transporte tendo que me hospedar na casa
de amigos.”
A jovem
conta que a escolha por medicina tem relação com a paixão por ciência. “Minha
mãe é professora de biologia e sempre me incentivou na área. Medicina sempre
esteve em minha mente, mas só no ensino médio tomei minha decisão e decidi me
dedicar ao vestibular e buscar a tão sonhada aprovação”.
Caminho
da aprovação
Para
Diana, o "segredo" para os bons resultados não é tão mistério assim:
"organização e dedicação". "Mesmo com todos os empecilhos sempre
busquei aproveitar meu tempo naquelas matérias nas quais tinha mais
dificuldade, melhorando meus pontos fracos."
Além
disso, Diana cita o apoio da família, professores, e do grupo de estudos que
ela montou com os amigos, momento de incentivo e troca de dicas e livros.
"Hoje todos estão aprovados em universidades federais", destaca.
Além de
estudar, o tempo livre era dedicado, principalmente, para ler, "minha
paixão desde criança", e sair com os amigos. "Sempre busquei reservar
pelo menos um momento do fim de semana para fazer essas coisas, mesmo com a
semana puxada".
A quem
também almeja um bom resultado no Enem, a futura médica opina que não é
necessário estudar durante várias horas por dia. "O importante é se
conhecer e saber quais os pontos fracos e fortes e em que é necessário dedicar
mais atenção, e saber aproveitar o tempo. O Enem é uma prova de conhecimento,
mas que exige também muito do raciocínio crítico do aluno e de preparo
psicológico, por isso é necessário estar sempre atualizado e ler
bastante", orienta.
Fonte: G1 CE
0 Comentários