Quatro policiais militares rodoviários bateram continência para manifestantes que bloqueavam a rodovia Cândido Portinari, na noite desta terça-feira (1º) em Franca, interior de São Paulo. A atitude dos agentes descumpre determinação do Supremo Tribunal Federal e também ordem do comando da corporação, de que agentes devem atuar para dispersar as aglomerações e liberar as vias. A Corregedoria da corporação apura o incidente. Quatro policiais militares rodoviários prestaram continência para manifestantes golpistas que bloqueavam a rodovia Cândido Portinari, na noite desta terça-feira (1º) em Franca, interior de São Paulo.
Nos registros, os policiais batem continência, como se estivessem posando para uma fotografia. "É disso que estou falando, é disso!", grita um homem.
A Corregedoria da corporação acompanha o caso | Reprodução Redes Sociais |
Quatro policiais militares rodoviários prestaram continência
para manifestantes golpistas que bloqueavam a rodovia Cândido Portinari, na
noite desta terça-feira (1º), em Franca (343 km de SP). A ação foi registrada
em vídeo, com um celular.
Os agentes podem ser processados por não cumprirem com o seu dever,
avaliam especialistas, pois uma de suas obrigações é garantir a fluidez das
estradas.
A Polícia Militar afirmou, por meio de nota
encaminhada pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), que, "tão logo
tomou conhecimento dos fatos", acionou a Corregedoria da instituição
"para apuração e providência referentes ao caso."
Nos registros, os policiais batem continência, como
se estivessem posando para uma fotografia. "É disso que estou falando, é
disso!", grita um homem, enquanto os policiais militares, lado a lado,
mantêm-se na posição por alguns segundos. Eles são aplaudidos.
Depois, os agentes caminham em direção aos manifestantes. Um dos PMs
chega a fazer um sinal afirmativo com ambas as mãos e, em seguida, vibra junto
com os manifestantes presentes na via.
A reportagem apurou que os policiais estão lotados
na 4ª Companhia do 3º Batalhão de Polícia Rodoviária, mas a identificação deles
ainda não foi divulgada. A Folha de S.Paulo tentou contato com o batalhão na
manhã desta quarta (2), mas ninguém atendeu aos telefonemas.
O candidato derrotado Jair Bolsonaro foi o mais
votado em Franca no primeiro e segundo turnos. Na votação de domingo (30), o
atual presidente teve 119.713 votos, o que representa 63,8% dos votos válidos.
Lula ficou com 36,1%, somando 67.686. Os dados são do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral).
A Folha questionou tanto a PM quanto a SSP sobre quais medidas já foram
e seriam tomadas sobre o caso e se a Corregedoria recebeu notificações sobre
outras eventuais transgressões feitas por policiais no estado. Nenhum dos
questionamentos foi respondido.
Os protestos, feitos por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), começaram
após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, no
último domingo (30). Os atos podem ser tipificados como crime contra as
instituições e gerar punições para ativistas, policiais e autoridades.
Na manhã desta terça (1º), o governador Rodrigo
Garcia (PSDB) anunciou que serão aplicadas multas de R$ 100 mil por hora para
cada veículo que obstruir vias no estado de São Paulo. Além disso, os
manifestantes serão fichados e, eventualmente, podem ser presos. Os policiais
militares podem fazer uso de força policial em caso de resistência.
Garcia afirmou que, desde segunda-feira (31), a polícia de São Paulo
tenta dialogar e negociar com manifestantes que paralisam as vias públicas do
estado e, a partir da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), as negociações
se encerraram e, assim, passam a ser aplicadas essas decisões judiciais.
O setor de inteligência da PRF (Polícia Rodoviária Federal) paulista
realiza um trabalho de identificação de lideranças, e eventuais financiamentos,
dos bloqueios golpistas promovidos por bolsonaristas nas rodovias federais de
São Paulo.
Até a noite desta terça, dois suspeitos haviam sido
presos, por supostamente incitar pessoas a bloquear rodovias. As detenções
ocorreram em Guarulhos, na Grande São Paulo, e em São José do Rio Preto (a 443
km de SP).
O procurador-geral de Justiça, Mario Sarubbo, afirmou, por meio de sua
assessoria de imprensa, ter constituído na segunda-feira (31) um núcleo de
atuação integrada para investigar as circunstâncias em que ocorrem os
bloqueios. O grupo é constituído por membros da Promotoria de Justiça da
Habitação e do Urbanismo da Capital e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado).
Assista o vídeo:
Por: Alfredo Henrique/Folhapress
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