O ex-capitão Adriano
da Nóbrega, que estava foragido e morreu após ser alvo de operação policial na
madrugada deste domingo (9), ligou para seu advogado Paulo Emilio Catta Preta
na última semana dizendo ter certeza de que seria morto se a polícia o
encontrasse.
Acusado de comandar a
mais antiga milícia do Rio de Janeiro e suspeito de integrar um grupo de
assassinos profissionais do estado, ele estava foragido havia mais de um ano.
Reprodução |
Adriano também é
citado na investigação que apura a prática de "rachadinha" no
gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro do agora senador Flávio
Bolsonaro. Ele teve duas parentes nomeadas pelo então deputado estadual, de
quem já chegou a receber duas homenagens.
"Ele disse que
se se entregasse tinha certeza que estaria morto no dia seguinte e também que
estaria morto se o encontrassem. Falou, inclusive, que seria queima de
arquivo", disse o advogado de Adriano.
Na semana passada, as
polícias da Bahia e do Rio já tinham tentado prendê-lo, mas falharam. Catta
Preta disse que recebeu o telefonema de seu cliente após essa operação -foi a
primeira vez que o miliciano entrou em contato com o advogado. Antes, a
comunicação era por meio de seus parentes, já que ele estava foragido.
"Me causou
surpresa na terça (4) ou quarta (5) ele me ligar diretamente. Se apresentou, e
disse que a razão da ligação era que estava receoso pela vida dele. Disse que
tinha certeza de que a operação para prender era para matar", afirmou
Catta Preta.
O advogado disse que
tentou convencê-lo a se entregar, mas que o cliente recusou por alegar que
também seria morto. "Achava melhor ele se apresentasse, assim ficaria
controlado e me ajudaria nos recursos e habeas corpus que temos", disse
Catta Preta, apontando ser a primeira vez na carreira que viveu uma situação do
tipo.
A viúva de Adriano
também ligou para o advogado e disse que esteve com ele dias antes. De acordo
com Catta Preta, a mulher acredita na versão de extermínio, pois o miliciano se
encontrava em condições precárias de fuga e não estaria armado, segundo a
família -ao contrário do que diz a polícia.
Segundo informações
da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Adriano foi encontrado no
município de Esplanada (BA). Quando os policiais chegaram, ele teria efetuado
disparos e, na troca de tiros, teria sido ferido.
Ainda segundo dados
do governo baiano, ele teria sido levado a um hospital da região, mas não
resistiu aos ferimentos e morreu.
O advogado do
miliciano preferiu não opinar sobre o que de fato ocorreu com seu cliente, mas
pede que seja investigado.
"Tenho esses
dois relatos [de Adriano e da esposa], que evidentemente me causam estranheza e
me impõe representar os órgãos responsáveis. Tem que haver uma perícia para
afastar pelo menos a hipótese [de extermínio]", apontou Catta Preta.
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