O Ceará tem 45% de probabilidade de chuvas abaixo da média entre fevereiro e abril de 2024, conforme anunciado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) nesta sexta-feira, 19. As chances de precipitações dentro da normal e acima da normal são de 40% e de 15%, respectivamente, nos referidos meses, os quais compõem a maior parte da quadra chuvosa, de fevereiro a maio.
Foto de apoio ilustrativo (açude Castanhão). Ceará tem 45% de chances de chuvas abaixo da média em 2024, aponta Funceme Crédito: Camila de Almeida
As informações foram divulgadas na manhã desta sexta-feira, 19, por meio do Sistema de Recursos Hídricos do Governo do Estado do Ceará, no auditório da Casa Civil, localizado no Palácio da Abolição, em Fortaleza.
Com a atuação do El Niño no
Nordeste, meteorologistas e gestores já alertavam, em novembro passado, que este ano poderia
abrir um novo período de estiagem severa no Ceará, sem reposição nos açudes devido à falta de
chuva.
De acordo com o presidente da Funceme, Eduardo
Sávio, o oceano Atlântico está aquecido, mantendo a configuração de aquecimento
do Pacífico, o que estabelece a condição do El Niño. “Aquecimento muito extenso no Atlântico. Eu
nunca vi nessa extensão”, disse.
“Os modelos de previsão apontam uma alta
variabilidade espacial e temporal na distribuição das chuvas no Estado. A
tendência é de uma estação chuvosa mais curta para
o Ceará”, informou o órgão.
Ou seja, os resultados indicam concentração
dos principais acumulados de chuva entre os meses de fevereiro e março,
sendo mais irregulares em abril e, principalmente, em maio.
A análise das condições atmosféricas e oceânicas,
aliada aos resultados tecnológicos desenvolvidos para a previsão, além de
modelos climáticos globais e regionais, foram utilizadas para a elaboração do
prognóstico.
No Ceará, a quadra chuvosa sofre influência da Zona
de Convergência Intertropical (ZCIT), enquanto a pré-estação pluvial — em
dezembro e janeiro — é acometida por áreas de instabilidade.
Na categoria normal,
isto é, em torno da média, o limite inferior de chuvas está previsto para 404,7 milímetros (mm) no Ceará,
enquanto o superior para 523,1 mm. Os dados são para o primeiro
trimestre da quadra chuvosa.
No litoral Norte,
a mínima é de 532 mm e a máxima de 720,7 mm. Já o litoral de Fortaleza fica
entre 558,5 mm e 745,3 mm, enquanto o Sertão Central e Inhamus estão em 319,8
mm e 421,3 mm.
"O prognóstico
indica probabilidades referentes a uma tendência média do volume acumulado de
chuvas para o trimestre como um todo, e não para cada mês em particular",
esclareceu a Funceme.
El Niño pode diminuir chuvas no Ceará
Provocado pelo
aquecimento atmosférico e da superfície do oceano, o fenômeno meteorológico El
Niño mostrou-se como um dos mais intensos da história no ano passado. Isso
poderá impactar as chuvas cearenses, pois há 80% de chances de o
evento prosseguir até maio.
Há ainda a probabilidade
de que o fenômeno esteja próximo do seu pico, ao se tornar o quarto maior da
série histórica.
Outros seis El Niños que
também pertenciam à categoria "forte" são os dos anos 1957/1958,
1972/1973, 1982/1983, 1991/1992, 19987/1998 e 2015/2016. Os dados referem-se a
uma série temporal monitorada desde 1950.
Convivência com a Seca
O "Plano Estadual
de Convivência com a Seca: Ações Estruturantes e Emergenciais" também deve
ser apresentado em breve.
A estratégia contempla
um conjunto de ações voltadas a atenuar eventual escassez de chuvas no Ceará. Diminuir os impactos negativos, examinar
políticas públicas de planejamento e promover uma relação mais sustentável
entre o homem e a natureza são alguns dos objetivos.
"[O documento]
Prevê medidas emergenciais, estruturantes e complementares para cinco eixos de
atuação: segurança hídrica, segurança alimentar, benefícios sociais,
sustentabilidade econômica e conhecimento e inovação", informou o
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
Fonte: O POVO
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