Com os desdobramentos da Operação Dark Room – que prendeu acusados de utilizar o aplicativo Discord para a prática de crimes relacionados a violência sexual e psicológica, como estupro e estímulo à automutilação e ao suicídio –, a questão da segurança de crianças e adolescente na internet voltou a ganhar destaque.
Adolescência é momento de florescimento da sexualidade, diz psicóloga.
A segurança de crianças e adolescente na internet voltou a ganhar destaque. | Foto: Valter Campanato/Agência Brasi
Segundo a psicóloga e diretora da Organização
não Governamental (ONG) Safernet, Juliana Cunha, é um grande desafio para as
famílias mediar a relação dos filhos com a tecnologia. Ela pondera que alguns
pais preferem ter mais controle com algum programa que monitore a navegação dos
filhos pela internet. “As próprias redes sociais oferecem ferramentas de controle
parental”, lembra.
“Outros pais adotam a abordagem de dar mais
autonomia e liberdade para os filhos para construir confiança. Esses pais
adotam o diálogo o que também é importante. Mas não adianta a gente usar as
ferramentas de controle e não ter o diálogo, e também deixar só no diálogo e
não ter algum tipo de acompanhamento dos filhos na internet”, diz Juliana.
Para a psicóloga, o diálogo é fundamental para
preparar as crianças a responder aos riscos. “As famílias também precisam
conversar sobre sexualidade. É importante entender que a adolescência é o
momento de florescimento da sexualidade. Os pais precisam lidar com isso e
muitas vezes não estão preparados para ver os filhos crescerem. É um grande
obstáculo os filhos terem medo de conversar com os pais por temerem ser punidos
com a retirada do celular”.
A diretora da Safernet destaca que a escola pode
ser uma importante aliada para as famílias que ficam perdidas nesse trabalho de
mediação parental dos filhos com a internet e pode ser esse espaço de
conscientizar as famílias para os problemas.
O delegado responsável pela Operação Dark Room
no Rio, Luiz Henrique Marques, titular da Delegacia da Criança e Adolescente
Vítima, ressalta que os pais precisam observar eventual mudança de
comportamento, porque os filhos podem ser vítimas mas também abusadores.
“O quarto do seu filho é um ambiente com portas
abertas para o mundo. Dali, com a internet, você tem acesso a tudo de bom que a
internet trouxe, mas a tudo de ruim que também se apresenta ali. A investigação
mostrou que os menores de idade não podem ter acesso livre à internet, têm que
ser monitorados. Também é preciso conversar muito com seus filhos”, diz o
delegado.
Ele destaca que, na Operação Dark Room,
abusadores e vítimas têm 15 e 16 anos e que a maioria dos pais não sabia que
seu filho era abusador ou vítima.
Autor:Agência Brasil
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