Sob vaias e aplausos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou ao Santuário Nacional de Aparecida (a 180 km de SP) na tarde desta terça-feira (12), acompanhado do seu ex-ministro (Infraestrutura) e candidato ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Uma parte aplaudiu e chamou o presidente de "mito enquanto outra vaiou o mandatário na chegada ao santuário".
Bolsonaro foi acompanhado do seu ex-ministro (Infraestrutura) e candidato ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). | Divulgação |
Diante do alvoroço que tomou conta do templo, o padre Eduardo Ribeiro,
que conduzia a cerimônia, pediu silêncio para dar início à missa.
Uma parte aplaudiu e chamou o presidente de
"mito".
"Silêncio na basílica. Prepare o seu coração,
viemos aqui para isso", afirmou o padre. Bolsonaro está acompanhado de
Marcos Pontes, Marcelo Queiroga Bia Kics.
No local, católicos celebram o Dia de Nossa Senhora
Aparecida, fazem e pagam suas promessas.
A visita do mandatário ao templo católico é mais uma na maratona
percorrida em busca de votos dos religiosos. Entre terça (4) até esta quarta,
Bolsonaro participou de dois cultos da igreja evangélica Assembleia de Deus e
usou o Círio de Nazaré, uma das maiores celebrações religiosas mais populares
do país, para fazer campanha.
Antes de desembarcar em Aparecida, na tarde desta
quarta-feira (12), o presidente esteve pela manhã na inauguração de um templo
da igreja evangélica Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago,
em Belo Horizonte.
A aparição do presidente deixou o arcebispo de
Aparecida, dom Orlando Brandes, incomodado. "Não podemos julgar, mas
precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos
católicos. Precisamos ser fiéis à nossa identidade católica, mas seja qual for
a intenção vai ser bem recebido, porque é o nosso presidente", afirmou dom
Orlando à imprensa.
É a terceira vez em
que Bolsonaro, na condição de presidente, visita o Santuário Nacional de
Aparecida. Ele esteve antes em 2021 e 2019. No ano passado, dom Orlando fez
alertas sobre o armamento da população, o discurso de ódio e a propagação de
fake news.
Com a pandemia de Covid em um momento mais crítico,
dom Orlando também defendeu a ciência e discursou sobre a importância da
vacinação contra o coronavírus.
No dia anterior à visita de Bolsonaro e Tarcísio em
Aparecida, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) publicou um nota
na qual lamentou a "a intensificação da exploração da fé e da religião
como caminho para angariar votos no segundo turno".
O texto, porém, não menciona o nome de nenhum
candidato, nem Bolsonaro e nem Tarcísio. "Momentos especificamente
religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas
de campanha e demais assuntos relacionados às eleições", diz a nota da
CNBB.
Bolsonaro e Tarcísio
disputam o segundo turno, respectivamente, contra os petistas Luiz Inácio Lula
da Silva e Fernando Haddad.
Em sua peregrinação para se colocar com um
candidato comprometido com os cristãos e as pautas conservadoras, Bolsonaro já
causou desconforto entre os integrantes da diocese. O Planalto informou à Folha
de S.Paulo que ele participou da atividade como chefe de Estado.
Na Assembleia de Deus, o presidente e a
primeira-dama Michelle Bolsonaro subiram ao púlpito para falar aos fiéis, na
capital paulista. Ele se diz católico, e ela, que é evangélica, não esteve em
Aparecida nesta terça.
Tarcísio também
marcou presença nos cultos da Assembleia. Na ocasião, o presidente disse que é
perseguido pela imprensa, institutos de pesquisas e por uma parcela do
Judiciário, além de fazer ataques ao candidato Lula. "Não adianta termos
uma Ferrari em casa se o motorista gosta de tomar uma cachacinha de vez em
quando. Ele vai capotar a Ferrari", falou Bolsonaro.
Após a missa, o presidente foi convidado para rezar
um rosário na Basílica Antiga da cidade, organizado pelo Centro Dom Bosco, mas
que não tem ligação com o Santuário Nacional, administrado pelo arcebispo dom
Orlando Bernardes.
"Não é uma iniciativa nem do santuário nem da
arquidiocese, mas as pessoas são livres", disse dom Orlando.
CARLOS PETROCILO/ FOLHAPRESS
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