Governo do Ceará e a companhia aérea Azul anunciam nesta quarta-feira (10) a volta da malha comercial para cidades do interior do estado. Segundo a coluna apurou com exclusividade com a Secretaria do Turismo, os municípios que vão receber os voos serão Crateús, Iguatu, Sobral e São Benedito, com partidas de Fortaleza.
Legenda: Novo aeroporto de
Sobral tem capacidade para receber jatos comerciais -Foto: Divulgação/Thiago Stille/Governo do Estado
Os destinos serão adicionados aos já anunciados em junho - Aracati e
Jericoacoara. As operações serão realizadas pela subsidiária da Azul, a Azul
Conecta.
Os voos fazem parte de um processo de aproximação pelo qual têm passado
o Ceará e a Azul e renderá alíquotas de ICMS mais baixas para a aérea, de 6%. A
companhia é vital para o desenvolvimento de destinos regionais, em que
aeronaves com menos de 100 assentos são obrigatórias.
O anúncio é de suma importância para a continuação da retomada da
aviação no Ceará pós-pandemia, justamente na componente que mais faz falta hoje
ao estado: a aviação comercial regional e sub-regional. Muito já comentei em
fóruns especializados que, certamente, das 10 maiores regiões metropolitanas do
Brasil, Fortaleza tem a menor malha regional.
Por que isso acontece? Teria o Ceará menos demanda percentual que os
demais centros?
Terminantemente não! Sobretudo na volta da pandemia, cada destino novo
que é lançado em Fortaleza, está “pegando” rápido.
Apenas é questão que as companhias aéreas líderes em Fortaleza não
possuem as aeronaves corretas para o modal regional. É um hiato de produto do
próprio mercado.
E isso é bom de perceber, com a chegada de companhias como a Voepass e a Azul Conecta, mais do que os destinos, devem ser comemoradas as chegadas das aeronaves certas para desenvolver o regional e sub-regional.
O QUE SIGNIFICARÁ TER OS NOVOS VOOS?
Objetivamente, o translado de Fortaleza para importantes centros do
interior do estado é menos dispendioso em custo e em tempo.
Hoje só há um único voo regional consolidado no Ceará, mas que sequer
opera diariamente: Fortaleza-Juazeiro do Norte. Em dias que não há o voo, como
às terças-feiras, são mais de 500km de estradas mal-conservadas (como a BR-116)
de viagem e 10h de cansaço para fechar um negócio, visitar um familiar ou ir a
um casamento no cariri cearense.
Tudo isso representa dificuldade no fluxo de pessoas e serviços. Se há o
voo, por outro lado, o tempo de viagem reduz-se para 1h. Assim, a volta dos
voos regionais representa facilidade e conveniência para um novo recomeço no
estado.
Outra forma de ver a importância desses voos é que a população do
interior cearense terá acesso a grandes centros nacionais em poucas horas. Isso
porque haverá conexões em Fortaleza para centros como Recife e São Paulo e
dessas localidades, voa-se para todo Brasil.
Saídas internacionais serão consequentemente facilitadas, já que um
morador de Crateús tomará um voo da Azul Conecta para Fortaleza, conectando-se
com a TAP para Lisboa, por exemplo. Da mesma forma, um empresário europeu terá
acesso mais fácil à bela Jericoacoara, com simples conexão em Fortaleza.
PANDEMIA CANCELOU OS VOOS
Os voos para os destinos do interior cearense renascem depois de terem
sido prematuramente cancelados (menos de 2 meses após o lançamento) logo no
início da pandemia, em março de 2020. À época, os voos eram realizados pela
companhia Two Flex, coligada com a Gol.
Durante a pandemia, a Azul comprou a frota da Two Flex e lançou a Azul
Conecta, já voando para vários destinos em estados como Rio Grande do Sul,
Paraná, Paraíba (Patos) e Pernambuco (Serra Talhada, Caruaru).
A aeronave usada para os voos continuarão sendo os robustos Cessnas 208
Caravans, conhecida como o “trator dos ares”. Aeronave robusta, segura e
experimentada no mundo inteiro. Segundo a Anac, a aeronave da Azul tem
capacidade para 9 passageiros.
Já pensou percorrer 300km num tempo médio de apenas 1h? Melhor ainda,
pagar um preço condizente com o mercado de aviação comercial.
Hoje teremos a definição de quantas frequências semanais haverá para
cada um dos 6 destinos cearenses. Em 2020, eram em média 3 frequências por
semana para cada destino, com a utilização de 02 Caravans baseados em
Fortaleza.
As passagens para Aracati e Jeri, porque foram anunciadas em junho, já
estão à venda no site da Azul, os voos iniciam em 05 de setembro e terão
frequência diária. Tomo a liberdade de chamar a malha da Azul Conecta para
essas duas cidades de eixo LESTE-OESTE. O ramal oeste (a partir de Jeri)
comporá junto com Parnaíba-PI, Barreirinhas-MA e São Luiz-MA (Rota das
Emoções), permitindo acesso de todo Ceará aos Lençóis Maranhenses e ao litoral
Piauiense com a mesma Aeronave.
Então, além do intra-Ceará, ganharemos conexões rápidas com litoral oeste
do nordeste. O eixo SUDOESTE-SUL (Crateús, São Benedito, Sobral, Iguatu) deverá
ter suas informações passadas hoje de tarde no Palácio da Abolição em
Fortaleza.
NOVO AEROPORTO DE SOBRAL
Uma das informações que devem ser anunciadas é sobre qual aeroporto de
Sobral será utilizado no início da rota, se o atual (Virgílio Távora), ou o
recém inaugurado (em abril) Aeroporto Regional Luciano de Arruda Coelho, que
ainda não foi homologado pela Anac.
O aeroporto que deve abrigar uma fábrica de aeronaves, terá na movimentação
da Azul Conecta uma ótima estreia.
Vale lembrar que o novo aeroporto tem capacidade de receber voos nacionais de jatos comerciais e, muito em breve, os receberá.
Legenda: A companhia é vital
para o desenvolvimento de destinos regionais, em que aeronaves com menos de 100
assentos são obrigatórias.
Foto: Divulgação |
HÁ DEMANDA?
Se compararmos o desempenho dos trechos Recife-Patos e Recife-Serra Talhada
(Azul Conecta) veremos números de janeiro a junho com ocupações médias de 50%.
Dado que os voos se iniciaram há poucos meses, pode-se dizer que é uma
movimentação promissora.
O que esperar desses novos voos?
O mercado aéreo nessas localidades será capaz de fomentar negócios com
mais valor agregado como novos e melhores hotéis e restaurantes, eventos.
Daí a nova dinâmica local leva a um completo reposicionamento dos
serviços nas cidades buscando mais qualidade para atender visitantes que
conseguem gastar mais.
Para o Ceará, os novos voos serão um sopro de energia mais que
necessário para o desenvolvimento da aviação pós pandêmica, que ainda busca
voltar ao patamar de 2019.
Teremos mais consumidores dispostos a utilizarem o modal aéreo, buscando
conexão na Capital. Está-se aumentando a cobertura aérea do estado. Esses
passageiros certamente fomentarão novos voos no hub Fortaleza dos mais variados
espectros, sejam regionais, nacionais, internacionais.
FUTUROS MERCADOS
Como dissemos, teremos a aeronave certa para atingirmos novos mercados.
Quais seriam esses?
Fortaleza tem grandiosa proximidade da região de Mossoró-RN com
universidades, serviços, empresas petrolíferas, combustíveis. Hoje o mercado
Fortaleza-Mossoró ainda é negligenciado.
Da mesma forma, Fortaleza tem grande relação com o interior da Paraíba e
poderia pensar numa ligação com Campina Grande, que tem movimentação aérea
relevante.
DN
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