Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas na disputa à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), apostam no YouTube para divulgar propaganda no período que antecede a campanha eleitoral.
Compra de espaço na plataforma de vídeos é permitida pela legislação eleitoral e vem sendo utilizada intensamente pelos líderes nas pesquisas desde a pré-campanha.
Candidatos se aproximam do eleitor que usa internet | Foto: Reprodução Pexels |
Os partidos dos dois líderes nas intenções de votos
concentram, até agora, todos os gastos publicitários com internet na plataforma
de vídeos do Google ante outras redes sociais, como Facebook e Instagram.
O PL destinou mais de R$ 800 mil para promover Bolsonaro no YouTube em
julho. O pagamento, previsto na legislação eleitoral, garantiu exposição de 15
pequenos trechos do clipe "Capitão do Povo", jingle sertanejo da
campanha, em conteúdos de diferentes tipos de canais em todo o país.
O PT desembolsou R$ 191 mil nos últimos três meses.
O partido impulsionou o vídeo "Dois lados, que Brasil você quer?",
que compara imagens de um Brasil associado a Bolsonaro com as do país almejado
por Lula.
Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas pesquisas,
investiu R$ 134 mil no YouTube até agora. Os valores correspondem ao pagamento
feito às redes sociais e não têm relação com gastos de produção das peças
publicitárias.
Candidatos que aparecem atrás nas pesquisas, menos
conhecidos do público, optaram por investir mais na exposição paga no Facebook,
casos de Simone Tebet (MDB) e Felipe D'Avila (Novo).
Eles tentam ganhar exposição na rede social onde possuem número reduzido
de seguidores. Bolsonaro é seguido por 14 milhões de perfis, enquanto Tebet e
D'Avila por 161 mil e 30,2 mil, respectivamente.
A emedebista destinou R$ 250 mil para sua campanha
no Facebook em 2022, enquanto o representante do Novo gastou R$ 54 mil. No
YouTube, o MDB destinou R$ 60 mil para vídeos de Tebet.
Os dados de gastos são divulgados em relatórios de
transparência da Meta, dona do Facebook, e do Google, do YouTube. As
propagandas devem ser pagas pelos partidos ou pelos candidatos.A campanha
eleitoral começa em 16 de agosto -quando políticos poderão pedir voto. Antes
disso, os partidos podem veicular propaganda, mas sem solicitações explícitas.
Uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
determina que seja respeitada a "moderação de gastos" com
impulsionamento na pré-campanha.
O PT e a federação do partido, que inclui PV e PC do B, acionaram a
corte contra o PL por considerarem acintosa a campanha digital de Bolsonaro,
que gastou cerca de R$ 800 mil em dois dias. Eles pedem apuração sobre a origem
da verba "a fim de identificar possível uso irregular de recursos do fundo
partidário".
A Lei das Eleições veda a propaganda eleitoral paga
em sites de pessoas jurídicas e da administração pública, o que não permite
publicidade política em portais jornalísticos, por exemplo. Desde 2018, a única
forma autorizada de propaganda paga na internet é por meio de impulsionamento
nas mídias sociais.Twitter e TikTok optam por não aceitar anúncios eleitorais
pagos.
O mercado ficou dominado por Google e YouTube (da
mesma controladora) e Facebook e Instagram, ambos da Meta.Dos R$ 3,1 bilhões de
gastos declarados na eleição de 2018, R$ 77 milhões (2,5%) foram com
impulsionamento nas redes, segundo levantamento feito à época pelo InternetLab
e pela WhoTargetsMe.
Em 2018, a Meta arrecadou mais de R$ 23 milhões com anúncios políticos
de mais de 3.000 candidatos, de acordo com a prestação de contas deles ao TSE.
Considerando todos os tipos de gastos, a empresa foi a segunda maior
fornecedora do pleito. O Google faturou só um terço disso.
Embora os gastos dos presidenciáveis estejam
concentrados no YouTube, a tendência é que eles cresçam no Facebook com a
aproximação da votação. A campanha de Lula (cujo perfil oficial na rede tem um
terço dos seguidores de Bolsonaro) afirma que vai aumentar o investimento na
plataforma.
"Cada rede tem um papel na campanha e elas
terão equivalência de importância", diz Arthur Ituassu, professor de
comunicação política da PUC-Rio. Ele pondera que o impulsionamento no Facebook
integra a estratégia básica para candidatos a deputados por ser uma forma
barata de torná-los conhecidos.
Para anúncios eleitorais, a rede social
disponibiliza mais filtros para segmentação de audiência do que o YouTube. Isso
permite que os políticos alcancem públicos específicos. "Na eleição
proporcional, não é preciso falar com toda a população, você pode montar a
estratégia olhando só para o público evangélico ou armamentista, por
exemplo", afirma.
De acordo com a última pesquisa
do Datafolha, realizada em 27 e 28 de julho, o Facebook é a rede social mais
usada pelos eleitores (62%).
Paula Soprana/Folhapress
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